REINALDO SILVA
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Desde maio deste ano, o Noroeste do Paraná registra precipitação abaixo da média histórica. A situação se agravou em julho. Em Paranavaí, eram esperados pouco mais de 61 milímetros de chuva durante todo o mês, mas até agora foram 2,4 milímetros. Os números são do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar).
A estiagem tem efeitos importantes sobre a captação de água. De acordo com o gerente regional da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), Heterley Ubaldo, o nível do Ribeirão Arara voltou baixar. O principal manancial de Paranavaí perdeu 45% do volume normal, mesma situação enfrentada durante a crise hídrica do ano passado.
O prognóstico para os próximos meses não traz alívio. O comportamento esperado do clima no Paraná é de domínio deste cenário de grande escala, com probabilidade de precipitações muito irregulares, com ocorrências de chuvas abaixo da média. O Sumário Climático da Sanepar indica que as anomalias negativas devem ser constantes até a metade da primavera.
Anomalia é a diferença entre a média histórica de precipitação e o volume acumulado em um determinado período. No caso de julho, por exemplo, é de -58 milímetros.
O Simepar prevê chuva para esta sexta-feira (29), 1,3 milímetro. A probabilidade de ocorrência é de 58%. Os detalhes podem ser verificados no site do Simepar (www.simepar.br). O Climatempo (www.climatempo.com.br) também aponta a possibilidade de precipitação, mas com volume maior, 5 milímetros.
Abastecimento de água – Segundo o gerente regional da Sanepar, não há registros de desabastecimento em Paranavaí ou nos demais municípios do Noroeste atendidos pela Companhia de Saneamento do Paraná, são 24 ao todo. Paranavaí e Paraíso do Norte contam com captação mista, ou seja, parte da água é retirada da superfície e o restante do lençol freático. Nos outros 22 municípios, o sistema é exclusivamente subterrâneo.
Heterley Ubaldo cita três municípios do Norte Pioneiro onde estão sendo adotadas medidas para reduzir os efeitos da seca sobre a distribuição de água, Tomazina, Quatiguá e Santo Antônio da Platina.
Por enquanto, o gerente regional da Sanepar não fala em rodízio de abastecimento, tampouco em racionamento para o Noroeste do Estado, mas alerta para a necessidade do consumo racional de água. “Dado o cenário atual de estiagem, é preciso economizar.”
Economia – Ubaldo pede que os moradores evitem usar a água da mangueira para varrer quintais e calçadas. Recomenda o uso da vassoura para remover a sujeira e, então, caso seja necessário, utilizar o balde para jogar água. Também orienta a evitar a lavagem de carros e motos.
Outra dica é diminuir o tempo de banho. Considerando uma vazão média de seis litros de água por minuto, um banho de 10 minutos consumiriam 60 litros. Se a higienização fosse feita em cinco minutos, a economia seria de 30 litros. Uma família com quatro pessoas gastaria 120 litros a menos por dia. No final do mês, 3.600 litros.
Da mesma forma, manter a torneira fechada durante a escovação dos dentes ou usar um copo para enxágue. Em relação à louça, o ideal é ensaboar os utensílios com a torneira desligada e só abrir para enxaguar, de preferência todos os itens de uma só vez.
La Niña – A América do Sul segue sob influência do fenômeno climático La Niña. É caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico e provoca alterações sazonais na circulação geral da atmosfera. No Brasil, há aumento de chuvas no Norte e no Nordeste e secas e temperaturas elevadas no Sul.
A situação de ontem ilustra os efeitos sobre Paranavaí. O Simepar registrou máxima de 30 graus. A marca é facilmente alcançada no verão, na primavera e no outono, mas não é esperada para a estação atual, inverno.
A umidade relativa do ar variou de 25% a 58%. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), quando o índice fica abaixo dos 30%, o quadro é considerado preocupante. O ideal é que se mantenha de 60% a 80%.