REINALDO SILVA
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A estiagem afetou em cheio as lavouras de mandioca. Com o solo ressacado, especialmente em regiões mais arenosas, como é o caso de Paranavaí, os produtores enfrentam dificuldades para fazer a colheita, o que reduz a oferta da raiz no mercado. O resultado não poderia ser outro: “Os preços estão reagindo”, diz o mandiocultor João Eduardo Pasquini. A cotação diária da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) mostra que a tonelada chegou a R$ 475.
Tomando como base o levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) é possível notar a elevação dos valores ao longo das últimas semanas. No dia 16 de julho, a tonelada da raiz custava, em média, R$ 404. Os preços subiram para R$ 416 no dia 23 e R$ 432 no dia 30 do mesmo mês. Agosto chegou acompanhado de nova alta e no dia 6 o Cepea registrou média de R$ 462 por tonelada de mandioca.
Em certa medida, o aumento dos preços é favorável. “O produtor precisa receber adequadamente para poder investir”, diz Pasquini. Quando isso não ocorre, é comum que optem por outras culturas, muitas vezes mais rentáveis. Exemplifica: milho e soja demoram aproximadamente cinco meses para a colheita, já a mandioca pode levar até dois anos.
O cenário tem implicações sobre a produção industrial. Com menor oferta de raiz, a produção de fécula cai e “pode acontecer de algumas indústrias trabalharem com capacidade menor”. É comum que as oscilações para cima também afetem os preços dos derivados de mandioca, analisa Pasquini.
Por enquanto não há previsão de mudança na situação. A solução do problema passa, necessariamente, pelas condições do tempo. “A oferta só deve voltar ao normal quando chover, então, poderemos ter mais duas ou três semanas de dificuldades. A colheita tem que esperar.”
De acordo com Pasquini, os mandiocultores já tinham sido prejudicados pelas baixas temperaturas que atingiram a região em junho, julho e agosto. “A geada queimou a mandioca e isso fez cair o teor de amido.”