A atividade de comércio exterior fechou o mês de abril com alta de 3,9% no Paraná na comparação com o mês anterior. As exportações somaram US$ 1,87 bilhão. Já as importações chegaram a US$ 1,76 bilhão, 2,7% a menos do que o registrado em março. Assim, após três quedas seguidas, a balança comercial paranaense fechou o mês com saldo positivo de US$ 115,5 milhões. As informações foram divulgadas pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia.
Na comparação com abril de 2021, o resultado de vendas externas é negativo. E, no acumulado do ano, o crescimento chegou a 17% em relação ao primeiro quadrimestre do ano passado, com US$ 6,4 bilhões negociados, contra US$ 5,5 bilhões no mesmo período de 2021.
O produto mais vendido para fora do país pelo Paraná este ano foi soja (US$ 1,85 bilhões), que representa 29% da pauta de exportações do estado. Em seguida vem carnes (US$ 1,16 bilhão), que responde por 18% do total; madeira (US$ 662 milhões e 10% da pauta) e material de transporte (US$ 505 milhões e 8% da pauta). Mesmo liderando o ranking dos produtos exportados, a soja registra queda de mais de 6% quando avaliado o total comercializado pelo estado nos quatro primeiros meses do ano passado. Os demais tiveram alta significativa, como carnes (31%), madeira (36%) e material de transporte (13%).
“Houve quebra de safra este ano e uma menor quantidade de soja foi comercializada para fora do país. Por ser o principal produto da pauta, houve impacto no mês de abril”, sugere o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Thiago Quadros. Ele cita ainda o valor da taxa média de câmbio, que ficou mais baixa em abril, em torno de R$ 4,75 para cada dólar. No mesmo mês de 2021, ela flutuava em torno dos R$ 5,56, uma variação de 14,5%. “Outro fator foi a redução de 45% nas exportações de açúcares e produtos de confeitaria (-US$100 milhões), que contribuíram para um saldo menor nas exportações em relação a abril do ano passado”, justifica o economista.
Em movimento inverso, as importações, que vinham de seguidas altas mensais, recuaram 2,7% em abril. Nos quatro primeiros meses deste ano e no comparativo com o mesmo mês do ano passado, porém, a alta chega a 31% e 50%, respectivamente. “O temor de uma escassez generalizada de fertilizantes e adubos, em função da guerra entre Ucrânia e Rússia, principais fornecedores mundiais destes itens, ajuda a explicar esse movimento”, diz Quadros. “Temendo um desabastecimento generalizado, produtores rurais podem ter antecipado a compra destes insumos utilizados no agronegócio, um dos motores principais da economia do estado”, completa.
Essa percepção é revelada nos dados da Secex. No Paraná, produtos químicos é o item que mais pesa nas compras do estado no exterior, representando mais de 30% do total adquirido este ano (US$ 1,96 bilhão). No segundo lugar estão materiais elétricos e eletrônicos (US$ 762 milhões), com 12% de participação nas importações estaduais. O petróleo aparece em terceiro (US$ 632 milhões e 10% da pauta), seguido por material de transporte (US$ 567 milhões e 8,79%) e produtos mecânicos (US$ 566 milhões e 8,77%).
Destes cinco produtos que lideram o ranking de importações paranaenses em 2022, apenas material de transporte teve variação negativa de 15% em relação ao primeiro quadrimestre de 2021. Os demais acumulam altas significativas, principalmente produtos químicos e materiais elétricos, ambos com 45% de crescimento, e petróleo, com elevação de 21%. “A demanda por estes itens já vinha numa crescente desde 2020, quando houve um desabastecimento generalizado por conta da pandemia. O conflito na Europa acelerou esse processo. Com medo de faltar insumos e de uma alta ainda maior na cotação do barril de petróleo no mercado internacional, as compras foram antecipadas”, reforça o economista da Fiep.
O saldo da balança em abril, com superávit de US$ 115,5 milhões, é inferior ao registrado em abril de 2021, em US$ 768,8 milhões. No ano, o Paraná registra déficit de US$ 14,4 milhões. “Apesar do saldo negativo no acumulado do ano, as vendas do estado para o exterior continuam evoluindo bem”, acredita o economista, que faz um alerta com relação aos rumos da economia mundial nos próximos meses. “Inflação e taxa de juros altas nos Estados Unidos, expectativa de crescimento econômico abaixo do esperado e escassez de insumos por lockdowns seguidos na China, sanções impostas por diversos países à Rússia. Tudo isso gera incerteza e pode afetar a economia de forma global, impactando a atividade de comércio exterior”, conclui Quadros.