MARIANA DESIDÉRIO
DA UOL-FOLHAPRESS
O Brasil teve recorde em 2022 na corrente de comércio, nome dado à soma das exportações e importações do país, conforme balanço divulgado pelo governo.
O balanço veio no mesmo dia em que a equipe de transição do governo Lula divulgou um balanço de seus trabalhos, com críticas à política de exportações do governo Bolsonaro.
Afinal, a presença internacional do Brasil melhorou ou piorou? Entenda:
Alta na corrente de comércio – De janeiro a novembro de 2022, a corrente de comércio brasileira chegou a US$ 559,6 bilhões, alta de 22,4% em comparação com o mesmo período de 2021.
O crescimento é significativo mesmo na comparação com períodos pré-pandemia. Em 2019, a corrente de comércio brasileira ficou em US$ 407 bilhões; em 2016 foi de US$ 318 bilhões.
Se consideradas isoladamente, as exportações também cresceram. De janeiro a novembro de 2022, foram US$ 308 bilhões em exportações. No ano completo de 2021, foram US$ 280 bilhões. Em 2019, pré-pandemia, US$ 221 bilhões.
Um dos principais motivos para esse crescimento é a alta nos preços das commodities no mercado internacional. O Brasil é um grande exportador de commodities como soja, café, carne bovina e minério de ferro.
E a indústria? Apesar da alta da corrente de comércio, a proporção da indústria de transformação nas exportações caiu. Representou 54% das exportações em 2022 (até novembro), era 57% em 2019, e 66% em 2016.
O tema foi alvo de críticas da equipe de transição do governo Lula. Em relatório, a equipe diz que houve um “desmonte da política nacional de exportações” que “impactou fortemente na redução da participação da indústria de transformação no total das exportações brasileiras”.
Para melhorar isso, é necessário avançar nos acordos internacionais.
Em seu balanço sobre o tema, o governo destaca que o país avançou em negociações de acordos comerciais, com a conclusão de acordos com Singapura, Uruguai, Colômbia e Argentina.
No entanto, o acordo Mercosul-União Europeia -que foi assinado em 2019- ainda não saiu do papel, em parte devido à desconfiança dos europeus com a política ambiental do governo Bolsonaro.