REINALDO SILVA
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A recomendação é que a primeira consulta odontológica seja feita até o terceiro mês de vida, mas quanto mais cedo, melhor. É o período oportuno para que os pais recebam orientações sobre aleitamento materno, hábitos de sucção nutritiva e higiene bucal do bebê. A partir daí, o intervalo entre as visitas ao dentista deve ser de seis meses, regra que se estende para todas as faixas etárias.
Os cuidados com a saúde da boca na primeira infância esbarram em algumas dificuldades, por exemplo, falta de informações adequadas e condições socioeconômicas das famílias – com renda mensal enxuta, elencam outras prioridades e, por circunstância, negligenciam a higiene bucal.
No âmbito do sistema público de saúde, a rede de atendimentos do Noroeste do Paraná não conta com profissionais especializados em odontopediatria. Diante dessa fragilidade, a responsabilidade de prestar os serviços recai sobre as equipes da atenção primária, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
De acordo com a coordenadora de Saúde Bucal da 14ª Regional de Saúde, Priscilla Maestri Lehmkuhl, não há fila de crianças à espera de consultas e procedimentos odontológicos, mas a ausência de especialistas interfere no manejo da população de 0 a 5 anos.
Ontem (5), aproximadamente 160 dentistas e técnicos dos 28 municípios da região se reuniram em Paranavaí para uma capacitação. “Saem daqui com informações e atualizações”, disse Priscilla Maestri Lehmkuhl.
Os trabalhos foram conduzidos pela professora Cássia Garbelini, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), com doutorado em Odontopediatria pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Ela falou especialmente sobre a importância da promoção da saúde bucal na primeira infância e da prevenção de doenças.
Na faixa de 0 a 5 anos, o problema mais comum é a cárie. O consumo de açúcar associado à má higiene bucal são os principais fatores que desencadeiam a deterioração do dente. Se não for tratada, pode atingir a polpa e resultar em infecção na raiz – nesse caso, o tratamento se dá através de canal, cirurgia ou extração do dente.
O presidente do Conselho Regional de Odontologia do Paraná (CRO-PR), Aguinaldo Coelho de Farias, pontuou: “É necessário que haja um plano de atendimento à infância”. E questionou: “Qual é o projeto para a odontopediatria?”. A intenção é cobrar ações cada vez mais efetivas do Governo do Estado, a fim de aprimorar os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e universalizar, de fato, a rede de cuidados com a saúde bucal em todo o Paraná.