*Rafael Octaviano de Souza
Se havia algum resquício de esperança na conquista de um título em 2023, foi por terra após a derrota em Porto Alegre para o Grêmio. O ano de 2023 promete terminar para a torcida do Flamengo de maneira melancólica, só não vou dizer que da maneira com que começou, pois ainda existe a chance de vergonhosamente ficarmos de fora da próxima Libertadores em 2024.
Após a contratação de Tite, e as duas vitórias imerecidas contra Cruzeiro (2 a 0) e Vasco (1 a 0), a torcida rubro-negra teve a “falsa” impressão de que o título era possível. Mesmo sabendo que dificilmente seríamos campeões, só o fato de “poder” acreditar na conquista nos fez passar por uma “alienação coletiva” saudável.
Não tenho a menor dúvida, de que após a conquista da Taça Libertadores e Copa do Brasil em 2022, a diretoria, amadora, diga-se de passagem, percebeu que houve um grande comodismo por parte dos atletas no Campeonato Brasileiro do mesmo ano. Na cabeça dos diretores, o clube precisaria passar por uma reformulação no seu elenco para voltar a ter apetite por vitórias.
Por essa razão, preferiram não renovar com Dorival Junior e trazer Vitor Pereira, ocorre que no mundo do futebol, “ninguém corta o galho onde está sentado para levar um tombo”, e percebendo a intenção da diretoria, os jogadores logo se esforçaram para derrubar o treinador, na esperança de que ocorresse justamente o mesmo que havia acontecido no ano anterior com a saída de Paulo Sousa e chegada do Dorival.
A diretoria novamente contratou um treinador (Sampaoli) com a missão de renovar o elenco, que mais uma vez ciente das intenções alheias, dessa vez ficou de mãos atadas. Acontece que quando tudo parecia caminhar para a reformulação, eis que surge a figura do preparador físico que agride o jogador Pedro. Foi a peça que faltava no quebra cabeça para o início de demonização do técnico que de mãos atadas ainda contou com a briga entre Gerson e Varela, Braz e torcedor. Tudo caiu na conta de Sampaoli, e a situação ficou insustentável, o elenco venceu novamente.
Depois de três tentativas de reformulações frustradas, e as vésperas de uma eleição difícil em 2024 (Landim não pode se reeleger e o adversário será nada menos que Eduardo Bandeira de Mello), a diretoria rapidamente mudou a estratégia. Não tendo forças de agir contra o grupo, trouxe Tite para que essa batata quente não queimasse em suas mãos, apressou a contratação do treinador, e transferiu para ele a responsabilidade de renovação de ídolos infrutíferos no momento para o clube como Gabigol, Everton Ribeiro, Arrascaeta e a ainda incógnita (por conta da grave lesão) Bruno Henrique.
Em um ano complicado por conta da guerra política, Tite terá a dura missão de reascender a chama do time, recuperar atletas que já demonstram exponencial declínio técnico, tático, físico e psicológico, e ainda conviver com problemas como as péssimas condições que estará o gramado do Maracanã. O ano de 2023 é para ser esquecido pelo torcedor rubro negro, o de 2024 ainda é incerto, pois o amadorismo parece latente em quem comanda o clube mais popular do Brasil.