Apesar do resultado esportivo ruim, o Clube de Regatas Flamengo obteve uma receita de R$1,37 bilhão em 2023, recorde na história do futebol brasileiro. Os valores aparecem no balanço do clube apresentado ao Conselho Fiscal e representam crescimento de cerca de R$ 200 milhões em relação ao ano anterior (R$ 1,177 bilhão). O recorde anterior de receita absoluta no futebol brasileiro era da CBF em 2022, com R$ 1,214 bilhão. A entidade ainda não divulgou os seus números de 2023.
As receitas que mais cresceram foram da área comercial (marketing e publicidade), o matchday (bilheteria e sócios torcedores) e venda de jogadores. A rubrica que não atingiu os objetivos foram as premiações por conquistas, na casa dos R$ 100 milhões, por conta dos fracassos em campo no ano de 2023.
Esses dados apontam para um estado de equilíbrio no clube, mostrando que ter feito o dever de casa entre os anos de 2013 e 2018 (gestão de Eduardo Bandeira de Melo) fez toda a diferença. Com esses resultados, o clube contraria a tese de que para possuir uma situação confortável financeiramente, bastam apenas as conquistas dentro de campo. O clube conseguiu manter as receitas “recorrentes” (fora a venda de jogadores e outras) em patamares acima de R$ 1 bilhão, e próximo ao de 2022 (R$ 1,091 bilhão em 2023 x R$1,071 bilhão em 2022).
Mesmo com os números elevados, a diretoria prefere manter os pés no chão ao falar em grandes investimentos, o clube nos últimos anos vem mantendo uma média de aproximadamente 63% de gastos com o departamento de futebol em relação às receitas recorrentes, quando o fair play financeiro europeu preconiza até 70%.
Outro número importante é que o “superávit operacional” (diferença entre o ativo e passivo financeiro) foi de R$ 320 milhões, esses valores é que são levados em consideração para investimento em contratações, porém, em princípio, o clube não pretende sair de suas responsabilidades. Também não se cogita o uso desses recursos para a construção de um novo estádio.
Além das grandes receitas, o clube pode comemorar o fato de fechar o ano sem dívida bancária, e o débito oneroso líquido (diferença entre o clube precisa pagar e o que tem a receber) girar em torno de apenas R$50 milhões.
O clube projeta ainda um crescimento financeiro, mas isso passaria por um melhor rendimento em campo, a construção de um estádio próprio, e um salto maior do próprio futebol brasileiro como um todo, com a criação da liga (Faturamento atual de todos os clubes não passa de R$ 10 bilhões). Por fim, a diretoria entende que uma estratégia de elevar as receitas também passa pelo combate à pirataria.