SABINO E JOÃO GABRIEL
DA FOLHAPRESS
Após a definição de que a final da Libertadores seria disputada entre Palmeiras e Flamengo, os dois clubes informaram à Conmebol terem uma preocupação em comum: os planos de grupos de torcedores violentos dos dois clubes para brigar em Montevidéu.
A partida que vale o tricampeonato continental para ambas as equipes será disputada no dia 27 de novembro, no Uruguai.
As agremiações disseram à confederação sul-americana haver a necessidade de que providências sejam tomadas para evitar episódios de violência. Há o medo de punições em caso de confronto.
Existe um histórico de inimizade entre torcedores organizados de Palmeiras e Flamengo. A briga mais recente ocorreu no estádio Mané Garrincha, em Brasília, em 2016, durante jogo pelo Campeonato Brasileiro, quando 21 palmeirenses, a maioria com uniformes da Mancha Alviverde, foram presos após agredir rivais.
Na ocasião, três flamenguistas ficaram feridos, um em estado grave, e foram levados a hospitais da capital.
Ambas as equipes disputam o protagonismo do futebol brasileiro e sul-americano nos últimos anos, o que tem acirrado ainda mais os ânimos dos grupos organizados.
Nas próximas semanas será realizada uma reunião entre diferentes ministérios do país sede da decisão, a Conmebol e a Associação Uruguaia de Futebol, sob a coordenação de Gonzalo Etcheverry, assessor da presidência local para discutir o tema.
Em grupos de Whatsapp de torcedores circulam mensagens sobre conflitos no caminho para Montevidéu, tanto no Brasil como no Uruguai. A informação foi publicada pelo blog do jornalista Mauro Cezar, no UOL Esporte.
No caso do Palmeiras, o clube afirmou à Conmebol que o assunto é comentado abertamente entre associados preocupados com a segurança na viagem para ver a partida.
Segundo o Ministério do Interior do Uruguai, serão cerca de 4.000 pessoas envolvidas na segurança do evento e ninguém vai se aproximar do estádio sem ingresso, o que é um procedimento padrão em partidas importantes. Serão colocados dois telões na cidade para separar os torcedores que estarão na capital, mas não terão entradas.
Será o primeiro jogo considerado de alto risco e com público realizado no Uruguai desde o clássico entre Nacional e Peñarol, na final do Campeonato Uruguaio de 2019. O Ministério acredita que a expertise nos confrontos de maior rivalidade no país vai ajudar no controle de flamenguistas e palmeirenses.
Procurada pela reportagem, a Conmebol não se pronunciou.
Para tentar evitar episódios de violência, o Ministério do Interior do país vizinho pediu à CBF uma lista de torcedores de Flamengo e Palmeiras que estariam proibidos de entrar em estádios, como publicou o colunista Marcel Rizzo, também do UOL Esporte.
A Polícia Nacional do Uruguai afirma que será feito um trabalho coordenado com o departamento de imigração na fronteira.
As medidas que serão adotadas pelo governo uruguaio não contemplam o que pode acontecer com os torcedores organizados que vão de ônibus de São Paulo ou Rio de Janeiro para Montevidéu nem a possibilidade de encontros na estrada. Essa é a preocupação de cartolas ouvidos pela reportagem.
Consultada pela reportagem, a Polícia Federal Rodoviária do Brasil afirmou apenas que monitora a situação de todas as rodovias em tempo real. O Ministério Público tem recolhido informações e, se necessário, promete repassá-las às autoridades uruguaias. O órgão não tem jurisdição sobre a decisão da Libertadores.
A inimizade entre as organizadas dos dois times é tão grande que em 2019 o Ministério Público de São Paulo solicitou à CBF que o jogo entre eles pelo Brasileiro acontecesse sem a presença de torcida visitante, como é o padrão nos clássicos entre os grandes de São Paulo.