Rafael Octaviano de Souza
Com o início do campeonato brasileiro, as primeiras análises são aterrorizantes, alguma coisa em termos de bom futebol, mas nada comparado ao que estamos vendo no futebol europeu. Os comentários em sua maioria não são em função dos belos gols, das belas jogadas, mas sim nas polêmicas de arbitragem.
Na minha cosmovisão, o futebol é apenas uma estratificação da sociedade, perdemos o controle, erramos na mão. O ódio, na maioria das vezes permeia as nossas relações. Ensinamos as nossas crianças a serem críticas, mas não ensinamos a ter limites. Ensinamos a autonomia, mas não as desvinculamos de dependerem de um estado paternalista, isso se chama “indução paradoxal”.
Onde está o problema do nosso futebol? Em um primeiro momento, nas próprias entidades de prática desportiva, que se voltaram para a busca de soluções para a nossa sociedade quando na verdade não conseguem resolver os seus próprios problemas, simples, diga-se de passagem.
Fomos criados em um país onde “levar vantagem” é motivo de orgulho, como dizia o nosso “canhotinha de ouro” Gerson nos anos 70. Se pegarmos exemplos bons, não fechamos uma mão. Se minha memória não me trai, tem o atacante Grafitti do São Paulo que fez um gol que salvou o Corinthians de um rebaixamento. Ou Rodrigo Caio (São Paulo), que usou de sinceridade para evitar a expulsão de um atacante adversário, também do Corinthians. Em ambos os casos, viraram notícia, foram perseguidos pelas suas próprias torcidas, e até hoje muitos criticam essas atitudes.
Os árbitros não têm condições de conduzir jogos, não por falta de preparação, mas por conta da falência das relações sociais da nossa sociedade. A culpa é da entidade, dos árbitros, dos atletas, dos treinadores, dos dirigentes, da imprensa, da sociedade como um todo. Só existe uma maneira de salvarmos o nosso futebol, é salvarmos a nossa sociedade, pensem nisso e até breve.