Nos últimos anos, o mercado de carnes nobres tem vivenciado um crescimento importante no Brasil, impulsionado pela busca crescente por produtos de alta qualidade certificada. A Associação Brasileira de Angus, iniciada na década de 1960 tem uma grande parcela de contribuição nesse desenvolvimento da carne premium, especialmente a partir do Programa Carne Angus Certificada, lançado em 2003.
A Cooperativa CooperAliança preparou uma entrevista exclusiva com a Gerente Nacional do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina Alves Menezes. Ela destaca que apesar dos desafios enfrentados pelo setor devido à oscilação de preços e consumo, a demanda por produtos premium continua em ascensão, tanto no mercado interno quanto no externo.
“Para 2024 temos uma perspectiva de crescimento de cerca de 10% no mercado interno. Já com relação ao mercado externo, em 2023, tivemos números bem impactantes, com aumento de 68% nas exportações. Isso nos mostra um grande nicho e ótima receptividade de outros países para a carne premium brasileira. Neste sentido, para 2024, também são positivas as expectativas de aumento no volume de exportações Angus”, enfatizou.
Parceria e cooperativismo – A Gerente Nacional do Programa Carne Angus Certificada destaca que as cooperativas tem um papel fundamental na consolidação da produção e construção de mercado da carne Angus. Conforme Ana, a CooperAliança, por exemplo, foi pioneira na certificação e parceria com a Associação no Paraná e contribuiu significativamente para a expansão da raça Angus no Estado.
“A CooperAliança, para nós, é uma parceira muito especial, e é responsável por uma expansão muito significativa da raça e da carne Angus dentro e fora do Paraná, ganhamos muito com essa parceria. O cooperativismo forte estruturado, traz muitas possibilidades e vemos como conseguimos ter ganhos e conquistas, até nos momentos difíceis”, afirmou.
Reconhecimento e ampliação – De acordo com Ana Doralina, quanto mais o consumidor conhece a carne nobre, mais busca informações e mais certeza tem sobre a qualidade do que consome. Além disso, se dispõem a pagar mais pelo produto. “A carne premium é um produto de maior valor agregado, com mais qualidade e possibilidades de cortes, de formas de preparo e de experiência gastronômica”, comentou.
No entanto, Ana também reconhece que há desafios a serem enfrentados, especialmente no que diz respeito à educação do consumidor sobre a carne premium. Ela observa que, historicamente, o consumo de carne Angus no Brasil tem sido restrito aos cortes tradicionais de churrasco, como picanha e maminha. No entanto, há um esforço crescente para diversificar a oferta de cortes e tornar a carne Angus mais acessível e inclusiva para o consumidor no dia a dia.
“Estamos conseguindo incluir novos cortes com boa receptividade e isso é muito importante. Apresentar ao público a possibilidade de consumir outros cortes, ampliando as opções e com o mesmo padrão de qualidade nas receitas das refeições diárias, não apenas o consumo restrito a cortes de churrasco”, salientou. Outro desafio do setor, é gerar essa demanda e ter o produto com as características que o público busca. “Em determinadas épocas e regiões do país, há oscilação na oferta, então é preciso organizar ainda mais essa cadeia enquanto também se conversa com o consumidor sobre a ampliação de cortes para consumo”, salientou.
Vale reforçar que nos últimos anos houve aumento no volume de carcaça animal Angus certificada. Em 2016, de cada animal certificado, foram aproveitados 51 quilos. Em 2020, subiu para 61 quilos por animal. E em 2023, para 83 quilos.
Projeto varejo – Além da certificação para a indústria, a Associação Angus está dando início a outro tipo de selo, o do varejo, também com objetivo de reconhecer a qualidade da carne Angus e os processos adotados. O projeto inclui treinamentos para os varejistas, visando garantir que eles compreendam e posicionem corretamente o produto, além de promover a conscientização do consumidor por meio de ações de marketing, e reconhecimento dos varejos parceiros, e assim mitigar o comercio de produtos que são comercializados como Angus e não são certificados.
“Esse projeto veio no sentido de nos aproximar do varejo, foi desenvolvido para dar mais credibilidade e reconhecimento, como também garantir ao consumidor a qualidade e segurança nos produtos adquiridos”, reforça.
O Projeto Varejo inclui supermercados, açougues, hamburguerias boutiques, restaurantes e casas de carnes que comercializam a carne Angus cerificada.