Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional identificou uma área de aproximadamente 100 mil hectares para desenvolver o processo de irrigação
REINALDO SILVA
Da Redação
Rose Pondé é coordenadora-geral de Instrumentos da Política Nacional de Irrigação do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Ela viajou a Paranavaí para ministrar a oficina de reconhecimento do polo de agricultura irrigada, uma solicitação da Associação dos Produtores Irrigantes do Paraná (Apip).
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Antes de começar os trabalhos com produtores rurais, profissionais técnicos, pesquisadores e representantes de entidades de classe, na manhã de quinta-feira (27), Rose Pondé conversou com o Diário do Noroeste e explicou o objetivo do governo federal: “Participar dessa pujança que existe aqui com esse potencial de expansão do processo de irrigação”.

Foto: Ivan Fuquini
Antônio Leite, diretor-substituto do Departamento de Irrigação do MIDR, apresentou uma estimativa promissora: “A gente identificou que aqui tem uma área importante de expansão de mais ou menos uns 100 mil hectares na região como um todo, e para a gente desenvolver esse potencial de forma sustentável é importante fazer esse planejamento e trabalhar junto com os produtores”.

Foto: Ivan Fuquini
Frederico Cintra Belém é responsável pela coordenação de Informações e Acompanhamento de Polos e Projetos de Irrigação do MIDR. Ele detalhou o papel do governo federal na oficina de reconhecimento do polo de agricultura irrigada: “Ser um facilitador, um planejador das ações dentro da região aqui de vocês. Mas quem manda aqui, na verdade, a gente brinca assim, são os produtores”.

Foto: Ivan Fuquini
Coube aos participantes do evento indicar o nome do polo, elencar as demandas e definir as prioridades em busca de ampliar o alcance da irrigação em lavouras e pastagens. Tudo sob orientação da equipe do ministério, seguindo uma metodologia estruturada que permitiu, até agora, o reconhecimento oficial de 17 polos de agricultura irrigada em todo o Brasil. No Paraná, a Região Noroeste será a primeira contemplada.
Rose Pondé não fixou data, mas disse que o processo deve correr de maneira célere. “A partir de tudo o que for dito, a partir das nossas observações e análises, havendo cumprimento de todos os critérios, faremos o reconhecimento oficial deste polo por meio de uma portaria expedida pelo secretário nacional de Segurança Hídrica, Giuseppe [Serra Seca Vieira]. Não posso lhe dizer dias, porque existe uma tramitação burocrática, mas é algo muito rápido.”
Irrigação – O diretor-substituto do Departamento de Irrigação do MIDR salientou aspectos positivos do uso de tecnologias de irrigação, com destaque para a produtividade. “A irrigação vem como uma segurança a mais para o produtor rural, principalmente nesse tempo que a gente está vivendo de alterações climáticas. Então, uma segurança a mais para o produtor garantir a lavoura.”
Também há ganhos ambientais. Com a possibilidade de produzir mais na mesma área, não é preciso abrir novas fronteiras agrícolas. “Diante de uma população mundial crescente, que demanda mais alimento, mais fibra, mais bioenergia, a gente entende a irrigação como um fator importante para que isso se desenvolva de forma sustentável.”
Agronegócio – O gerente regional do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), José Jaime de Lima, apresentou números do agronegócio no Noroeste. Um dos pontos destacados por ele foi a participação da região no Valor Bruto de Produção (VBP) do estado, que em 2023 representou apenas 3,73% do total. Dentro desse percentual, quase a metade (42,69%) ficou por conta das cadeias produtivas de cana-de-açúcar, frango e mandioca.

Foto: Ivan Fuquini
O termo VBP utilizado na explicação faz referência ao índice de frequência anual, calculado com base na produção agrícola e nos preços recebidos pelos produtores paranaenses. Nesse sentido, ainda considerando o ano de 2023, Paranavaí alcançou a melhor marca da Região Noroeste, totalizando quase R$ 1 bilhão.
Há muito espaço para crescer, garantiu o gerente regional do IDR-PR. “Temos condições, sem medo de errar, no mínimo, de quintuplicar a área que temos aqui. Pode ser a irrigação na pastagem mesmo [ou tendo as pecuárias de] leite e corte como oportunidades de produção.” Além disso, novas possibilidades estão no radar dos produtores, com investimentos em outras atividades e culturas inexistentes ou pouco difundidas nos municípios do Noroeste.
Produtores – Para o presidente da Associação dos Produtores Irrigantes do Paraná (Apip), Demerval Silvestre, o reconhecimento do polo de agricultura irrigada promoverá revitalização da agricultura. “Vamos fazer com que nossa região seja tão importante quanto são as outras no estado.” Nessa perspectiva, ele vislumbrou a chance de ampliar a produção de grãos, pouco difundida no Noroeste.

Foto: Ivan Fuquini
Diário do Noroeste – A coordenadora-geral de Instrumentos da Política Nacional de Irrigação do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Rose Pondé, ressaltou a cobertura jornalística feita pelo Diário do Noroeste desde o início do processo, em meados de fevereiro, quando a Apip formalizou a solicitação ao MIDR.
“O reconhecimento de um polo passa, necessariamente, pela divulgação de informações, e você são, nesse processo, parceiros extremamente importante para ajudar a alcançar o maior número possível de agricultores irrigantes que possam vir com a gente nesta caminhada. Tenho absoluta certeza de que quando houver a portaria [oficializando o polo de agricultura irrigada] vocês também sairão com a gente nessa divulgação.”

Foto: Ivan Fuquini
Participações – Entre os participantes da oficina realizada nesta quinta-feira estavam Mateus Azevedo, coordenador do polo de pesquisa do IDR-PR em Paranavaí; José Jorge Oliveira Neto, chefe do Escritório Regional da Seab; Tarcísio Barbosa, secretário de Agricultura de Paranavaí; Ivo Pierin Junior, presidente do Sindicato Rural de Paranavaí e integrante da diretoria-executiva da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep); e Carlos Augusto Pereira de Lima, presidente da Câmara de Vereadores de Paranavaí.
MIDR inicia em Paranavaí operacionalização se sistema de informações sobre irrigação
O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) iniciou nesta quinta-feira (27), em Paranavaí, a operacionalização do Sistema Nacional de Informações sobre Irrigação (SisNIR). Trata-se de um instrumento que permite reunir e integrar dados dos polos de agricultura irrigada de todo o país.
O coordenador de Informações e Acompanhamento de Polos e Projetos de Irrigação do MIDR, Frederico Cintra Belém, explicou que o objetivo é dar praticidade à comunicação entre o governo federal e os gestores dos polos de agricultura irrigada, mas não só, também permite compilar dados, apresentar demandas e incluir projetos e pesquisas.
Dentro do SisNIR há módulos específicos para tratar sobre projetos públicos, polos de agricultura irrigada, questões fundiárias e georreferenciamento, apontando, por exemplo, informações sobre energia, transporte e recursos hídricos.
O SisNIR foi instituído pela Lei Federal 12.787/2013, mas começou a ser projetado em 2019. Em 2020, foi contratado junto à Universidade Federal de Lavras (MG), que desenvolveu todo o sistema.
O primeiro uso do sistema foi durante a oficina de reconhecimento do polo de agricultura irrigada, promovida pelo MIDR, para tornar o Noroeste do Paraná a primeira região do estado a ser incluída nas políticas nacionais de irrigação.