O Governo do Estado prorrogou por meio do Decreto 6.356/2024 , publicado na última sexta-feira (28), a emergência fitossanitária no Paraná por mais 180 dias, como medida no combate ao greening, uma das principais pragas que afetam os citros no mundo. O objetivo é continuar tendo maior mobilidade e possibilidade de agir com mais rapidez e efetividade no controle da doença.
Desde que as ações mais efetivas no domínio do greening ou HLB (Huanglongbing) e de seu principal vetor, o inseto psilídeo Diaphorina citri se iniciaram há cerca de dois anos, quase 280 mil plantas cítricas e ornamentais, como a murta, foram erradicadas nas regiões Noroeste e Norte do Estado.
A erradicação de plantas doentes, o plantio de mudas sadias provenientes de viveiros registrados e o controle eficiente do inseto vetor com produtos biológicos e químicos são algumas das boas práticas recomendadas diante dessa doença.
As ações são realizadas pelo Governo, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), juntamente com produtores de citros, setor industrial, empresas de pesquisa agropecuária, cooperativas e prefeituras das regiões produtoras.
“O decreto de emergência fitossanitária é um instrumento forte, mas necessário e desejado por toda a cadeia da citricultura com vistas a possibilitar medidas efetivas na tentativa de controlar o problema e garantir que a citricultura continue sendo essa atividade importante tanto do ponto de vista econômico como social no Estado do Paraná”, disse o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Natalino Avance de Souza.
REUNIÃO TÉCNICA
Um balanço das ações foi apresentado na última semana durante reunião da Câmara Técnica de Citricultura, em Paranavaí, que contou com cerca de 120 pessoas, incluindo prefeitos ou seus representantes. “O que buscamos é reforçar o envolvimento dos técnicos de empresas públicas e privadas e ao mesmo tempo garantir que a atuação política respalde e fortaleça o trabalho que vem sendo realizado”, disse a citricultora e engenheira agrônoma Marlene Calzavara.
Segundo ela, desde 2007 foi instalado um grupo de trabalho para tratar do greening, que recém tinha sido detectado no Brasil. Com o recrudescimento da doença a partir de 2022, a discussão foi acentuada e o grupo transformou-se na Câmara Técnica da Citricultura em 2023, com ampliação de participantes.
Uma das principais atividades que deu corpo às ações desenvolvidas até agora foi a Operação BIG Citros, em agosto do ano passado. Ela envolveu conscientização, fiscalização e reforço nas medidas de prevenção e controle do greening, que continuam sendo realizados até agora.
Foram aplicadas mais de 200 notificações para erradicação de plantas sintomáticas ou apresentação de um plano de manejo para o controle do HLB e do vetor. Também foram emitidos 20 autos de infração. “É importante reforçar que o setor privado tem contribuído de maneira integral e contínua para que a atuação do setor público tenha êxito”, afirmou Marques.
Ele acentuou também o trabalho que é realizado visando coibir o comércio irregular de mudas cítricas, uma das vias de disseminação de pragas. “Esse comércio fomenta a implantação de pomares sem acompanhamento técnico adequado, o que é um risco para toda a atividade”, ponderou.
DOENÇA
O greening é uma praga importante devido à severidade, rápida disseminação e dificuldades de controle. No Brasil, a bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus (CLas) é o principal agente causal. A doença afeta plantas de praticamente todas as espécies cítricas, além da murta (Murraya paniculata), Fortunella spp. e Poncirus spp., e é transmitida pelo psilídeo asiático dos citros Diaphorina citri Kuwayama.