REINALDO SILVA – reinaldo@diariodonoroeste.com.br
Dos 399 municípios do Paraná, 159 têm registros de plantas cítricas contaminadas pelo greening. A doença bacteriana impede que árvores novas produzam frutos e compromete o desempenho das adultas.
Coordenador estadual do Programa de Vigilância e Prevenção de Pragas da Fruticultura, da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Paulo Jorge Pazin é enfático: “O greening traz o risco de inviabilizar a citricultura no Estado”.
Ele cita o exemplo dos Estados Unidos da América, mais especificamente o estado da Flórida, que chegou a produzir 400 milhões de caixas de laranja. No entanto, o avanço do greening atingiu a cultura em cheio e na última safra foram contabilizadas apenas 16 milhões de caixas.
Mais próximo do Paraná, o estado de São Paulo também sofre as consequências da doença. “Já existem áreas sem valor comercial”, lamenta Pazin. Muitos produtores estão deixando o território paulista e migrando para outras regiões, a fim de fugir dos prejuízos causados pelo greening.
Engenheira agrônoma e consultora a campo, Marlene de Fátima Calzavara afirma que até o primeiro semestre de 2022 o índice de plantas contaminadas pelo greening em propriedades do Noroeste do Paraná era considerado aceitável, abaixo de 1%.
A partir de setembro e outubro daquele ano, os citricultores perceberam que a doença começou a se espalhar rapidamente. Em poucos meses, a praga alcançou 10% das árvores; em alguns casos até 20%. São perdas enormes, conforme avaliação da engenheira agrônoma.
Controle – A mobilização dos setores produtivos se tornou inevitável. Lideranças recorreram ao poder público e encontraram o respaldo necessário para colocar em práticas ações de controle do greening.
Em junho do ano passado, agentes políticos, profissionais técnicos, produtores e empresários se reuniram para discutir o tema e organizar uma campanha de alcance regional.
Traçaram um plano emergencial de ação baseado em quatro eixos: comunicação, eliminação de plantas sintomáticas, controle do vetor e uso exclusivo de mudas sadias. A Adapar lançou a operação BIG Citros para identificar os pomares com árvores contaminadas, diagnosticar a situação do estado e erradicar as plantas doentes.
O nome da operação, BIG Citros, faz referência à necessidade de baixar a incidência do greening.
Em Paranavaí, o corte começou em outubro de 2023, primeiro nas vilas rurais, depois nas propriedades com produção sem fins comerciais – tanto no campo quanto na área urbana. O coordenador estadual do Programa de Vigilância e Prevenção de Pragas da Fruticultura estima que, desde então, pelo menos 5.500 árvores doentes tenham sido eliminadas somente nas vilas rurais.
Paulo Jorge Pazin informa que nesta semana a equipe da Adapar apreendeu 600 mudas de plantas cítricas em Nova Esperança, comercializadas de maneira irregular, sem qualquer certificação. A quantidade seria suficiente para cobrir uma área de aproximadamente 1,5 hectare.
Economia – Atualmente o Paraná tem 20 mil hectares de laranja, com crescimento anual de 1.500 a 2.000 hectares. O potencial de expansão existe, principalmente quando se considera o crescimento de consumo de suco de laranja no Brasil, em torno de 30%. Nos Estados Unidos e na Europa, 70% da bebida consumida é de origem brasileira.
Em virtude da importância da cadeia produtiva, o grupo formado entre 2022 e 2023 deve apresentar, em abril deste ano, um detalhado plano de ação contra o greening, de caráter permanente, contendo números oficiais e estratégias de controle do vetor e da doença.
Para dar uma ideia da participação da citricultura na economia de Paranavaí, a cadeia produtiva é responsável por 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do município. São cinco indústrias e mais de 3.000 empregos diretos, aponta Pazin.
Além de Paranavaí, têm destaque na produção citrícola os municípios de Alto Paraná, Guairaçá, Nova Esperança e Cruzeiro do Sul com laranja e Cerro Azul e Doutor Ulisses com tangerina poncã.