REINALDO SILVA
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Portas fechadas, salas de aula vazias e cartazes espalhados por todos os blocos da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), câmpus de Paranavaí: os professores estão em greve e pedem recomposição salarial de 42%, defasagem acumulada desde 2016.
A interrupção das atividades acadêmicas começou ontem (15) com 100% de adesão, informaram os professores Elias Canuto Brandão, do comando local de greve, e Marília Gonçalves Dal Bello, tesoureira da diretoria da Seção Sindical dos Docentes da Unespar (Sindunespar).
A princípio foram mantidos apenas os serviços considerados essenciais e projetos de extensão, caso do Núcleo Maria da Penha (Numape) e do Núcleo de Estudos e Defesa dos Direitos da Infância e da Juventude (Neddij), além das tarefas desempenhadas por servidores técnicos e administrativos.
Casos pontuais serão avaliados por um comitê de ética do comando de greve, incluindo pesquisas e apresentações de trabalhos.
A professora Marília Gonçalves Dal Bello informou que a prioridade é manter suspenso apenas o ensino. Um pedido de suspensão temporária do calendário letivo foi enviado à reitoria da Unespar para não prejudicar os acadêmicos.
De acordo com o professor Elias Canuto Brandão, a greve não compromete o andamento dos cursos de graduação, apenas atrasa o cumprimento da carga horária anual, sendo necessário reorganizar as datas e eventualmente avançar os períodos de férias.
Efeitos – Os docentes da Unespar afirmaram que já são sete anos sem reajustes salariais pelo índice da inflação. Diante do déficit, Brandão apresentou uma estimativa: é como se os professores trabalhassem os 12 meses do ano, mas recebessem o equivalente a apenas sete. Por perderem poder de compra, “os professores estão endividados”, complementou Marília.
Diante da situação que afeta os docentes, todas as universidades estaduais do Paraná aderiram à greve, exceto a Unicentro, na Região Centro-Oeste, que votará a deflagração nesta quarta-feira (17).
Negociações – Os professores da Unespar disseram que até ontem tentavam avançar as negociações com o Governo do Estado, mas não receberam qualquer sinal de disposição em resolver o problema.
Anteriormente o governador Carlos Massa Ratinho Júnior teria garantido reajuste salarial de 5,79%, voltando a defender o mesmo índice em reunião com os docentes.
A greve deflagrada ontem é uma resposta à falta de novas propostas que beneficiem os professores e reduzam a defasagem salarial da categoria. “Não gostaríamos de fazer greve, mas fomos empurrados pelo Governo do Estado, que se nega a dar o reajuste”, disse Elias Canuto Brandão.