Grupo de Paranavaí que atua em hospitais se tornará Instituto em 2025, fortalecendo ainda mais sua atuação
Cibele Chacon – Da redação
Por quase 17 anos, os Médicos do Humor têm levado arte, humanização e alegria para os corredores da Santa Casa de Paranavaí todos os domingos desde 2008, e outras instituições da região. Agora, em 2025, o grupo se prepara para um dos momentos mais importantes de sua história: a transição de coletivo voluntário para uma OSC (Organização da Sociedade Civil), consolidando-se como o Instituto Médicos do Humor. Essa mudança representa um passo estratégico para ampliar o impacto do projeto, garantindo sua continuidade e fortalecendo ainda mais suas ações.
DE COLETIVO A INSTITUTO – A diretora criativa do grupo, Talise Schneider, explica que a decisão de se tornar uma OSC surgiu da necessidade de profissionalização e expansão do projeto. “Sempre atuamos como um coletivo de voluntários, levando arte e humanização de forma gratuita para o hospital e para a comunidade de Paranavaí. Neste ano, daremos um passo importante e nos tornaremos uma OSC, passando de grupo para Instituto Médicos do Humor. Esse novo formato nos permitirá buscar maior profissionalização, ampliar nosso impacto e conquistar reconhecimentos em nível estadual”, destaca.
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A formalização como Instituto trará novas oportunidades para os Médicos do Humor, como a possibilidade de parcerias institucionais, captação de recursos, maior suporte na formação de novos palhaços hospitalares e expansão das atividades para outras unidades de saúde. Contudo, Talise reforça que a essência do projeto permanece a mesma: o trabalho continuará sendo 100% voluntário e gratuito para o público atendido.
IMPACTO E LEGADO – Desde sua criação em 2008, o Médicos do Humor tem transformado a rotina hospitalar ao levar interações artísticas baseadas na técnica da palhaçaria. Mais do que momentos de descontração, o projeto tem se consolidado como uma ferramenta de humanização, impactando pacientes, familiares e profissionais de saúde.
Para os pacientes, especialmente as crianças, a presença dos palhaços hospitalares transforma um ambiente muitas vezes frio e assustador em um espaço acolhedor e cheio de vida. “O riso libera endorfina, reduz o estresse e a ansiedade, e há estudos que comprovam que o bem-estar emocional influencia diretamente na recuperação física”, explica Talise.
Para os profissionais de saúde, a interação com os palhaços também tem um papel fundamental. “Lidar com a dor e o sofrimento diariamente é emocionalmente desgastante. Nós ajudamos a trazer momentos de leveza e reforçamos a importância da empatia na rotina hospitalar”, destaca a coordenadora.
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ESCOLA DE PALHAÇARIA E NOVAS GERAÇÕES DE ARTISTAS – Outro destaque da atuação do grupo é a Escola de Palhaçaria, programa de formação que capacita novos voluntários interessados em atuar na palhaçaria hospitalar. A cada dois anos, uma nova turma passa por um processo intenso de aprendizado, que inclui aulas de história do teatro e do circo, ética hospitalar, improvisação, dramaturgia e maquiagem cênica.
Em 2024, 16 novos artistas foram formados pelo projeto, encerrando sua capacitação com um espetáculo no Cabaré Artístico, evento onde a comunidade pode prestigiar o resultado dessa jornada. “Nosso processo seletivo busca pessoas comprometidas, dispostas a aprender e a levar alegria para quem mais precisa”, ressalta Talise.
Atualmente, não há previsão para uma nova seletiva, mas a expectativa é que, com a transição para Instituto, as oportunidades de ingresso sejam ampliadas no futuro.
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A VISÃO DOS VOLUNTÁRIOS – A voluntária Ana Beatriz Paiva Arduini, de 22 anos, compartilha sua experiência com o grupo e a transformação que a palhaçaria trouxe para sua vida. “No projeto, nós procuramos fazer o bem para o outro, mas não imaginávamos o quanto isso faria bem para nós mesmos. Mudar a vida de alguém, causar uma risada espontânea, ser o apoio em um momento difícil é uma dádiva tremenda, e acredito que isso resume o projeto como um todo. Estamos lá pelo outro, assim como estamos por nós mesmos”, explica.
Já o voluntário Júlio Cardoso Scorpion, de 25 anos, reforça o poder da palhaçaria no ambiente hospitalar e a importância do grupo. “Teve um quarto que visitei de uma moça que não estava bem e havia tentado tirar a própria vida. Quando entrei com a minha dupla do dia, tivemos uma interação tão legal e gostosa com ela, que não vimos o tempo passar. Era nítido o quão confortável estava sendo a nossa interação. No final da visita ela olhou nos meus olhos e disse: ‘muito obrigado por ter me visitado’, e isso me marcou muito”, relata.
Talise acrescenta que a experiência com o Médicos do Humor humaniza e transforma, além de impactar todas as outras áreas de sua vida. “Quero muito que meu filho, que hoje tem 3 anos, cresça olhando para tudo isso com carinho e, quem sabe, se encante por esse universo e encontre nele uma forma de contribuir para o mundo. Sempre vou falar da importância do voluntariado para formar pessoas, para desenvolver habilidades, perspectivas e treinar o olhar para o outro. É uma aventura sem volta”, finaliza.