*Marco Antônio Barbosa
O mundo globalizado faz com que as crises mundiais cheguem cada vez mais ao nosso quintal. As guerras que acontecem na Europa e no Oriente Médio impactam diretamente o nosso dia a dia aqui no Brasil. O agronegócio e os setores industriais, prejudicados pelos conflitos, passam a sofrer com a falta de insumos. Mas não é somente a economia que sente. A sensação de insegurança aumenta e faz crescer o consumo de tecnologias do mercado de segurança.
O Brasil, por ser um país multiétnico, possui uma grande comunidade israelense, palestina, ucraniana e russa. As diferenças, que em outros tempos ficavam nas suas nações de origem, estão mais à flor da pele em um momento tão polarizado, uma situação fortalecida pelo ódio das discussões nos meios digitais. E esse cenário gera insegurança.
Com isso, escolas, hospitais, igrejas, sinagogas, templos, centros culturais e até embaixadas buscam na segurança particular formas de manter a sua integridade frente à radicalização latente no mundo, que já desembarcou em terras tupiniquins.
No início de novembro, a Policia Federal prendeu suspeitos de envolvimento no planejamento de ataques terroristas do Hezbollah, grupo libanês extremista apoiado pelo Irã. Mesmo em uma investigação inicial, o caso gerou ainda mais apreensão das comunidades que vivem no Brasil. Em paralelo, cidadãos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza e foram repatriados pelo governo federal já relataram ameaças de morte.
Com isso, a procura por tecnologias de segurança de alta capacidade, usados no mundo todo para evitar ataques terroristas, como bollards ou sistemas complexos e integrados para possíveis ataques de homens bomba, está crescendo como nunca.
Essa insegurança gerada por um ambiente externo hostil, somado à situação do crime organizado brasileiro, aumenta ainda mais a sensação de fragilidade. Diariamente, vemos manchetes de ações da criminalidade no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia – para citar somente alguns estados. Junta-se a esse caldeirão a ineficiência das politicas públicas atuais para reduzir os números da violência.
Como o Estado não consegue agir para prover a proteção necessária, as pessoas buscam refúgio no setor da segurança privada. O crescimento frenético deste mercado no Brasil é consequência disso. A cada ano, a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese) apresenta dados que comprovam este aumento. Em 2022, o incremento do setor foi de 18%, com uma expectativa de um saldo de mais 19% em 2023.
E não existe uma luz simples no fim do túnel. O reflexo da geopolítica externa é somente um componente e não pode levar a culpa sozinho. Isso redime a responsabilidade dos nossos governantes, que precisam ser cobrados para termos um futuro mais seguro aqui, e que as guerras internacionais possam ficar longe das nossas divisas.