Fato histórico foi registrado pelo Diário do Noroeste, detalhando, entre outros assuntos, a estratégia de Luiz Carlos Djalma, treinador do time à época
No dia 8 de março de 1981, há exatamente 44 anos, o Atlético Clube Paranavaí (ACP) jogava pela primeira vez no Maracanã. A estreia em um dos principais palcos do futebol mundial não poderia ter sido melhor, o Vermelhinho venceu o Madureira por 1 a 0, em partida válida pela Taça Bronze, competição equivalente a Série C do Brasileiro.
Madureira e Paranavaí foi a partida preliminar do confronto entre Flamengo e Atlético Mineiro, que terminou com o placar de 2 a1 para os cariocas. Mais de 51 mil pessoas estiveram na arquibancada do Maracanã.
Samuel, Bosco, Milico, Luiz Cláudio, Araújo, Índio, Taco, Galvão, Claudinho, Mojica e Escurinhos foram os escolhidos por Luiz Carlos Djalma, treinador do ACP, para iniciar jogando. Matéria divulgada pelo Diário do Noroeste no dia confronto trazia a estratégia de Djalma: “Ele orientará o time para jogar defensivamente, tanto que escalou quatro jogadores na meia-cancha. Ele informou ainda que dará orientações no sentido de que o esquema seja variado, permitindo contra-ataques pela esquerda, com Araújo, a fim de aproveitar a potência dos seus chutes. O treinador ainda espera que o atacante Escurinho esteja numa tarde de muita inspiração para conseguir os gols necessários a um bom resultado no Maracanã”.
A expectativa do treinador se concretizou e foi dos pés de Escurinho, aos 33 minutos do segundo tempo, que saiu o gol que garantiu a vitória do Vermelhinho. Logo em seguida, o atacante levou o segundo cartão amarelo e foi expulso da partida.
Para contar um pouco dos bastidores desse dia histórico para o ACP, o Diário do Noroeste entrevistou o ex-zagueiro Milico, que na época tinha apenas 18 anos de idade, e para viajar ao Rio de Janeiro precisou de uma liberação do sargento, pois ainda estava servindo ao Tiro de Guerra em Paranavaí.

Milico, que é paranavaiense, recordou que receber a notícia do jogo no Maracanã foi uma grande surpresa e motivo de comemoração para todo o elenco do Vermelhinho. “Pra mim foi ainda maior. Não tinha pisado no Maracanã e nem saído do Paraná.”
O ACP se classificou para a Taça Bronze depois de ficar na 4ª colocação do Campeonato Paranaense de 1980. As despesas da viagem ao Rio de Janeiro foram todas custeadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
O ex-atleta contou que os primeiros impactos de jogar em um grande estádio foram sentidos já no vestiário, que contava com espaço com grama artificial para aquecimento. A capacidade era pra mais 100 mil pessoas.
“O clima do jogo começa ali dentro do vestiário. Todos estávamos com gana de vencer, foi um jogo truncado, difícil e de muito equilíbrio entre as equipes”, detalhou Milico.
Alguns momentos foram marcantes e estão eternizados na memória: ver pessoalmente Felix, goleiro da seleção na Copa de 1970 e treinador do Madureira no jogo contra o ACP, e o gol de Escurinho.
“O Jorge Vinicius lançou uma bola entre os dois zagueiros adversários para o Escurinho, que saiu na cara do gol e deu toque por cima do goleiro para marcar”, narrou.
O jogo da volta entre ACP e Madureira foi no Estádio Regional Willie Davids, em Maringá, pois o Estádio Natal Franciso, no Distrito de Sumaré, em Paranavaí, local em que o Vermelhinho mandava seus jogos, à época não tinha a estrutura exigida. “Falavam que o estádio era no meio cafezal e não suportava.”
Mesmo jogando longe de Paranavaí, o Vermelhinho goleou o Madureira por 5 a 1 e avançou de fase. O adversário seguinte foi o Olaria, também do Rio de Janeiro.
O primeiro confronto entre as equipes também foi no Maracanã. Motivo de alegria para os paranavaienses, mas dessa vez o ACP não foi muito feliz e perdeu por 2 a 0. No jogo de volta no Willie Davids, o time carioca venceu por 1 a 0. O Olaria foi a equipe que se sagrou campeã da Taça Bronze de 1981.
“Existe um comentário no meio da boleirada, que jogador que é jogador tem que ter jogador no Maracanã. Eu fui um jogador”, disse Milico em tom descontraído.
O ex-jogador do ACP encerrou a carreira aos 28 anos, para cuidar dos negócios da família. Antes de pendurar as chuteiras viveu momentos tristes e alegres no clube. Ele esteve no rebaixamento do time estadual de 1982 e na conquista da Série B em 1983.
Milico também passou por outras equipes do interior do Paraná e do Estado de São Paulo. Para ele, durante sua carreira, o atacante mais difícil de marcar foi Washinton, que jogou no Atlético Paranaense na década de 80.