*Por Matthias Schupp
Mar calmo nunca fez bom marinheiro. Talvez essa seja uma das máximas mais verdadeiras se olharmos os acontecimentos mundiais nos últimos anos e que nos fazem questionar: haveria pontos em comum nas trajetórias de empresas que conseguem sobreviver às crises e mudanças de panoramas econômicos? No Brasil, manter uma empresa ativa por mais de cinco anos é algo raro. O que dirá então por mais de 10, 20 ou 30?
Não há nenhum mapa 100% seguro ou segredo para o sucesso de empresas que duram décadas, mas sim, muito trabalho, estudo e perseverança. É preciso se reinventar a cada mudança, seja ela de mercado, de tendências, ou mesmo da economia. Mas a grande questão é: como manter e adaptar planos e metas em meio a tantas mudanças? Além de muito comprometimento e consistência para conseguir manter um negócio ativo por tanto tempo, o mais importante é não perder a essência.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua pesquisa Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo, quase 80% das empresas fundadas no país fecham as portas em menos de dez anos de atividade e, uma em cada cinco companhias encerra suas atividades após apenas um ano de funcionamento. Olhando então para as que não conseguem avançar em meio ao mar revolto, há sim alguns comportamentos e ações apontadas como fatores determinantes para o fracasso de uma companhia. São eles, a falta de planejamento, nenhuma visão de mercado, não ouvir o cliente, negligência das finanças, zona de conforto e ausência de empreendedorismo.
A vida é uma constante aprendizagem e quem fica estagnado, perde. Vale para a vida profissional, privada e das empresas. Nós falamos muito de evoluir e transformar, mas, na prática, o que significa isso? Deve sempre haver um ponto de partida, e devemos começar por nós mesmos. Dentro da nossa realidade atual, adaptar-se ao novo é ainda mais importante. Temos observado uma geração de jovens que possui um outro entendimento sobre como conciliar a profissão com a vida pessoal. A percepção sobre o home-office e sobre experiências internacionais são apenas dois exemplos. Sem mudanças e sem evolução, nós, como líderes, vamos enfrentar problemas de adaptação a essas exigências.
Não podemos esquecer que as empresas evoluem também. “Transformação Digital” é a expressão do momento e sem este tipo de mudança de mentalidade corremos o risco de perder a competitividade. Temos profissionais preparados para essa transformação? Nós estamos preparados? Sem mudanças, sem evoluir, seguramente não.
Tudo isso fala muito sobre a alta gestão de uma empresa. Sobre o seu fundador, o CEO, ou qualquer outro cargo de grande liderança. É de lá que vêm as principais decisões e a programação de investimentos. Mas nada se faz sem o compartilhamento dessas visões. A essência dos bons negócios está na união das pessoas com um objetivo em comum: o de fazer dar certo. Eu chamo isso de “One Team”. Por isso, o ponto focal das empresas são, sim, os colaboradores e o quanto eles se sentem parte do negócio. Trabalhar para um objetivo pessoal pode ser o gatilho para iniciar uma empresa, mas não para mantê-la.
E talvez eu volte atrás ao dizer que existe sim um mapa ou um segredo para o sucesso de grandes companhias ou de empresas que duram tantos anos. A resposta é: alicerce seu negócio baseado no empoderamento e no comprometimento das pessoas que valorizam estar ao seu lado e crescer junto com você. Porque a chave da questão não está no mar, mas sim na tripulação que você terá ao seu lado para velejar.