Aleksa Marques / Do meio de campo
(Para maior emoção, sugerimos a leitura com entonação de narrador de futebol nas frases em negrito)
Bem, amigos do Diário do Noroeste
Enquanto os craques Neymar, Cristiano Ronaldo, Mbappé e Messi não entram em campo no Catar, os colecionadores driblam as figurinhas repetidas para completar seus álbuns da Copa do Mundo aqui em Paranavaí.
Para conseguir os 670 cards, os torcedores precisam dominar de peito os grupos de troca, dar um chapéu nas centenas de pacotinhos iguais e traçar uma boa estratégia para ganhar o campeonato: nem que sejam precisas tabelas e planilhas.
A cada quatro anos, os colecionadores se preparam para as mais acirradas buscas pelas figuras. De um lado, o álbum que pode ser de capa dura ou não. Do outro, 50 cromos especiais, 80 cromos extras com 20 jogadores mais cotados, para fechar com chave de ouro e levar o hexa para casa.
Começa o jogo na esquina da Banca Tanaka em Paranavaí
Desde agosto, quando as figurinhas chegaram, os sábados e domingos pela manhã são destinados à troca de figurinhas e compartilhamento de histórias. Marcos Magalhães é empresário e pode ser considerado um dos mais experientes nesse jogo.
Ele começou a completar os álbuns na Copa do Mundo em 1982, quando o Brasil perdeu para a Itália e o jogador Paulo Rossi foi o carrasco. A loucura tomou conta do colecionador que saiu de Planaltina do Paraná, onde morava, e percorreu 30 quilômetros para comprar uma figurinha do atleta em Loanda. Um lance importante para completar sua jogada.
Matheus Magalhães e Marcos Vinícius receberam o passe do pai. Certo em todas as Copas, completar o álbum se tornou tradição na família que se une ainda mais a cada quatro anos para dominar no peito e fazer aquele golaço. E o álbum, será que eles dividem? A resposta é: aí complica.
A expectativa é grande, meus amigos
Marcos conta que eles levaram cerca de três semanas para completar a jogada de mestre: todas as figurinhas devidamente coladas. E aqui vai uma dica: deixe para colar tudo de uma só vez para que o álbum não fique estufado. Fim do primeiro tempo. E agora? É hora do intervalo para começar um segundo álbum.
Após dois anos sem jogos e com poucas vendas, essa Copa veio como um suspiro para o time de Marinilda Tanaka, proprietária da Banca Tanaka que já existe há 30 anos em Paranavaí. Ela se diz muito feliz em poder participar de mais um campeonato e revela que as pessoas estão muito empolgadas. Ela não consegue mensurar a quantidade de pacotes que vende por dia. Pode isso, Arnaldo?
Mas tem um porém. A empresa responsável pela fabricação dos álbuns não está conseguindo fazer a quantidade suficiente, tamanha procura. Tem que ficar atento à jogada para não perder o lance: o álbum chega e já acaba. O competidor precisa ser rápido. E quando ele consegue… olha o gol! Olha o gol! Olha o gol! Gooooool!
Além disso, Mari alerta os compradores para os estabelecimentos que vendem os pacotes fora do preço estabelecido de R$ 4 aqui no Brasil. A regra é clara e precisa ser cumprida.
Apita o árbitro
Começa o segundo tempo e Isabela Barini de 7 anos entra em campo. Ela abre seu primeiro pacote de figurinhas e, logo de cara, encontra uma dourada. Eu diria que foi sorte de iniciante, meu caro amigo. Ela começou incentivada pela mãe, a empresária Helena Meurer, que colecionava quando era criança e quis trazer o hobbie para a filha. É a primeira Copa do Mundo que Isabela participa com mais determinação e as duas estão muito empolgadas.
Usando a mesma estratégia, o servidor público Fábio Trentini rola a bola no campo desde 2016 para homenagear o filho. Ele confessa que estava com medo de a pandemia atrapalhar sua tática de jogo para completar mais um álbum. Segundo ele, se fosse um pouco mais cedo, talvez as aglomerações aos finais de semana não seriam possíveis e ficaria mais difícil de finalizar.
Fábio conseguiu fazer toda sua troca de passes e com menos de 3 semanas completou o primeiro álbum. Mas parece que ele teve ajuda do filho e o árbitro quer saber dessa relação familiar, então o VAR (Video Assistant Referee) será acionado. Tudo certo. A jogada foi limpa e cheia de amor. Vai que é tua, Fábio!
Termina o jogo
Com milhares de jogadores em campo, a Copa do Mundo do Catar promete ser de muito companheirismo e emoção. Seja pela força-tarefa de conseguir todas as figurinhas, seja pela união entre as famílias para acompanhar os jogos na televisão. O que não pode faltar é bola rolando. Ééééé do Brasil!
Neymar é o nome dele
Uma das figurinhas mais cobiçadas nessa Copa é a valiosa do Neymar. Na internet, você pode encontrar essa raridade sendo vendida a quase R$ 10 mil. Haja coração.