O Hospital Universitário (HU) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) atendeu 113 casos de violência sexual envolvendo mulheres e homens, segundo dados do Núcleo de Vigilância Epidemiológica (NVEH) da instituição. Desde o começo do ano, foram atendidas 97 mulheres (85,84%) e 16 homens (14,16%). Entre estes, 26 vítimas tinham entre 10 e 14 anos (23,01%), enquanto 21 tinham entre 2 e 4 anos (18,58%) e 19, entre 20 e 29 anos (16,81%), o que concentra os atendimentos na violência sexual em mulheres menores de idade.
O HU da UEM é referência na 15ª Regional de Saúde do Estado no atendimento a mulheres e homens vítimas de violência sexual. O Hospital recebe procura espontânea pelo Serviço Social do Ambulatório de Especialidades e encaminhamentos de unidades de saúde de toda a macrorregião Noroeste.
O assunto foi tema do curso “Violência sexual: abordagem multiprofissional para os servidores da Farmácia Hospitalar do HUM”, na última sexta-feira (22). A atividade visou explicar aos servidores o serviço, como agir em diferentes casos, assim como os protocolos disponíveis. A palestra de abertura foi realizada pela enfermeira do Ambulatório de Especialidades Viviane Dourado. O curso se estendeu durante todo o dia, no Bloco 108 Leitos.
Um dos pontos tratados na abertura pela enfermeira Viviane foi a caracterização entre violência aguda e violência crônica, que determina o fluxo de atendimento dessa vítima da violência. “A vítima que sofreu violência sexual em até 72h deve ser atendida pelo Pronto Atendimento, que é por livre demanda. Em casos que ultrapassem esse período de tempo, o encaminhamento deve ser realizado para o Ambulatório”, explicou.
A procura em até 72 horas em caso de violência sexual é recomendada pelo Hospital Universitário. É entre esse período que é necessário ministrar os kits para evitar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez. “Boa parte das mulheres que costumam aparecer para a realização do aborto legal, em caso de violência, não passaram por esse processo, que é fundamental”, ponderou.
Entre os pontos fundamentais, estão a não-revitimização da vítima da violência. “Essa mulher não precisa ouvir as mesmas perguntas, passar pelas mesmas lembranças, por isso esse encaminhamento ao Ambulatório”, comunicou. “Ali, ela fará um atendimento agendado, que não será naquele momento ou próximo dele. Ela já virá com mais preparo, depois de ir pra casa e de sair daquele contexto.”
De acordo com a diretora de Análises Clínicas e Farmácia Hospitalar, Gisela Dalla Rosa, o encontro reuniu uma equipe multiprofissional composta por enfermeiro, assistente social, psicólogo, farmacêutico e médico infectologista, que abordaram aos presentes o tema sob diferentes perspectivas, com ênfase na atuação integrada no cuidado aos pacientes. “A iniciativa”, afirma Gisela, “reforça o compromisso do setor das Farmácia com a formação contínua dos profissionais e com a prestação de um cuidado seguro e ético, pois se trata de um tema sensível, que exige preparo técnico e emocional de muitos envolvidos”, encerrou.