*Edimar Lima Cordeiro
O Fórum de Paranavaí era uma edificação de madeira onde hoje funciona a Prefeitura.
O Tribunal do Júri, um salão de madeira com as configurações próprias para atuação de juiz, promotor, escrivão, defesa, corpo de jurados, auditório pequeno para o povo participar de julgamentos.
Na época grandes advogados criminalistas participavam, até renomados de Curitiba.
Houve um crime em Paranavaí e um cidadão, testemunha ocular desse fato, foi convocado pela Justiça para no julgamento testemunhar o flagrante delito.
O Promotor atuou brilhantemente na acusação, a defesa altamente qualificada trabalhou sua tese refutando a testemunha principal.
A testemunha, homem do povo, de origem nordestina, usava óculos de grau de miopia muito acentuada. Ele afirmava ter visto o crime e reconhecia o réu como autor. Mas este (a testemunha) era desafeto político do advogado de defesa que participava na política de Paranavaí.
A tese da defesa era que a testemunha, por ter sua visão comprometida, não tinha crédito de ter visto o crime.
O advogado de defesa pega um código, vai próximo da testemunha e pede que este leia o título do livro. Ele faz a leitura correta, a defesa se afasta pega outro livro e longe da testemunha pede para ele fazer a leitura deste. O ambiente fica tenso.
A testemunha, muito esperta e sagaz, olha para o juiz e diz: “Dotô, eu vim aqui testemunhar um crime ou fazer exame de vista”.
A tese da defesa foi para o chão, a ocasião hilária provocou risos nos presentes.
O julgamento tomou outro rumo.