Em maio, o estado do Paraná registrou 477.971 empresas inadimplentes, segundo o Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, primeira e maior datatech do Brasil. O número representa cerca de 3 em cada 10 empresas ativas (27.6%) no estado.
O levantamento também apontou que o valor médio das dívidas foi de R$ 3.130,49 totalizando aproximadamente R$ 12,4 bilhões em débitos negativados. Em média, cada empresa acumulava oito dívidas em aberto no período analisado.
No cenário nacional, a inadimplência das empresas voltou a bater recorde no mês de maio, pelo quinto mês consecutivo. Ao todo, 7,7 milhões de empresas encerraram o período com contas em atraso, representando 32,8% do total de empresas ativas no Brasil e superando os 7,5 milhões registrados em abril. Confira a análise dos últimos 12 meses nos gráficos abaixo:
O valor consolidado das dívidas chegou a R$ 182,4 bilhões, o maior montante registrado desde o início da série histórica do indicador, em março de 2016. Em média, cada CNPJ apresentou, aproximadamente, 7,3 contas negativadas no mês, com um ticket médio de R$ 3.255,40.
Segundo a economista da datatech, Camila Abdelmalack, o cenário atual de inadimplência das empresas é ainda mais preocupante quando se observa o contexto da concessão de crédito. “As empresas que já estão endividadas enfrentam hoje um ambiente muito mais restritivo para obter novos financiamentos, tanto para capital de giro quanto para renegociação de passivos”, explica. “Diante do crescimento expressivo das dívidas, os credores estão mais cautelosos, dificultando a concessão de crédito mesmo para negociações. Muitas empresas estão tentando renegociar dívidas antigas, mas esbarram nisso, o que amplia o risco de permanência na inadimplência ou até de agravamento da situação”, completa a executiva da datatech.
Para os próximos meses, a economista alerta que o cenário da inadimplência pode se agravar diante de fatores que elevam a pressão sobre os custos operacionais das empresas. “No contexto internacional, se houver a aplicação dos 50% sinalizados pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros, existe o risco de que o Brasil adote medidas retaliatórias. Isso pode gerar um efeito cascata de encarecimento de insumos, impactando diretamente os custos de produção das empresas brasileiras, sobretudo aquelas que dependem de cadeias internacionais. Esse tipo de pressão inflacionária, em um cenário já marcado por juros elevados, tende a agravar ainda mais a situação da inadimplência no país”, avalia.
Entre as unidades federativas (UFs), o Distrito Federal (42,4%) liderou o ranking das maiores proporções de empresas inadimplentes em maio. Em seguida, ficaram o Pará (40,4%) e Alagoas (39,9%). Em números absolutos, São Paulo concentrou o maior volume (2.635.018) seguido por Minas Gerais (701.736) e Rio de Janeiro (694.981).