REINALDO SILVA
Da Redação
Estudantes do ensino médio e do nível superior se reuniram na biblioteca do Instituto Federal do Paraná (IFPR), no campus de Paranavaí, para aprender sobre história, cultura e grafismos do povo indígena Guarani Nhandeva.
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A atividade, na tarde desta quinta-feira (24), foi oportunidade para discorrer sobre uma perspectiva alternativa àquelas comumente ensinadas nas salas de aula sobre a colonização brasileira.
“Os livros de história mostram os desbravadores como heróis, mas o Brasil foi construído em cima de sangue indígena, com muitos mortos”, disse o palestrante Edinaldo Alves da Silva, um dos convidados do IFPR para falar com a comunidade de Paranavaí.

Foto: Ivan Fuquini
As palavras fortes são proporcionais aos danos da influência governamental sobre as culturas indígenas ao longo de mais de 500 anos. “Tínhamos nossa religião, nossa arte”, acrescentou Silva, “mas foram silenciadas”.
Exemplificou: durante muito tempo, os pais não podiam falar com os filhos no idioma nativo. A prática era vista pelos colonizadores como tentativa de organizar rebeliões. Os adultos que desobedecessem eram punidos com violência física ou viam as crianças assassinadas.
Mesmo nos dias atuais, os costumes indígenas são depreciados e não aceitos pela estrutura do estatal. Quando os filhos de Silva nasceram, ele não pôde levá-los imediatamente para os ritos de oração e consagração que precedem a escolha do nome. Antes, precisou se submeter aos trâmites burocráticos impostos pela equipe hospitalar. “Perdemos nossa identidade”, lamentou.

Foto: Ivan Fuquini
A não pode permanecer estática diante do sofrimento incessante que os povos indígenas enfrentam, disse Lucas de Melo Andrade, professor de História do IFPR e um dos organizadores da palestra. É preciso dar visibilidade e reafirmar a identidade e mostrar a pluralidade da sociedade, completou.
A atividade no campus de Paranavaí foi alusiva ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, cujo objetivo é destacar a resistência e a luta pela sobrevivência. Também participaram como palestrantes Josieli da Silva e Allan Vinnie Alves da Silva.