Abertura do Dia da Indústria foi acompanhada por autoridades dos três poderes da República
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, enfatizou que a indústria é essencial para o fortalecimento da economia brasileira e que deve liderar o crescimento sustentável do país. “A indústria tem de voltar a ser protagonista para o Brasil seguir a passos largos rumo ao crescimento econômico e a melhora da qualidade de vida dos brasileiros, com geração de emprego e de renda”, afirmou na abertura do evento do Dia da Indústria, realizado nesta segunda-feira (26), na sede da CNI, em Brasília.
No entanto, Alban destacou a preocupação do setor em torno de pautas relevantes nos Três Poderes, entre elas o marco do licenciamento ambiental, a Medida Provisória de modernização do setor elétrico e os projetos que tratam da redução da jornada de trabalho. “Esses projetos exigem cautela, bom senso, equilíbrio e, principalmente, discernimento para colocarmos em primeiro lugar o desenvolvimento social e econômico do Brasil”, pontuou.
Ricardo Alban destacou que a indústria é o motor da inovação, a fonte de empregos de qualidade e a catalisadora do desenvolvimento socioeconômico. Ele lembrou que o PIB do país cresceu 3,4% no ano passado puxado pela indústria da transformação e da construção, que tiveram alta de 3,8% e 4,3%, respectivamente, em 2024. O presidente da CNI observou, no entanto, que as perspectivas para 2025 apontam para um crescimento menor da economia. “Não podemos nos conformar com isso. O processo de reindustrialização deve ser contínuo e planejado com um cenário de longo prazo”.
A abertura do Dia da Indústria foi acompanhada por autoridades dos três poderes, como os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta; e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso; o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski; e o ministro da Defesa, José Múcio.
Juros e China são alertas para indústria – O presidente da CNI também criticou o excesso de gastos públicos e a taxa básica de juros do país – atualmente em 14,75% ao ano. “Temos que encarar de frente a questão dos gastos públicos, da insegurança jurídica. Temos que abordar com responsabilidade a taxa de juros abusiva, que corrói a economia”, defendeu Alban. Outro ponto de alerta para o setor tem sido a relação comercial com a China. “Precisamos de uma estratégia consistente e arrojada para abrir mais espaço para o produto de maior valor agregado da indústria brasileira na China”, disse.
Setor elétrico – “Há pontos positivos na medida provisória publicada pelo governo, como os benefícios para pequenos consumidores e a maior abertura do mercado livre, mas não podemos aceitar pagar essa conta. O aumento dos custos da tarifa de energia não deveria sequer ser cogitado. Somos um país que produz energia barata, mas que tem uma das contas mais caras do mundo. Isso é inaceitável.”
Redução da jornada de trabalho – “Nossos estudos apontam que o aumento de custos pode chegar a R$ 88 bilhões por ano apenas no setor industrial e a R$ 260 bilhões por ano se forem considerados todos os setores da economia. Isso se a jornada for reduzida para 40 horas semanais. Uma redução para 36 horas iria gerar aumentos de custos ainda maiores. Sem aumento significativo na produtividade não é possível pensar em redução da jornada de trabalho. Pensar nisso em um momento em que temos pleno emprego no país é ainda mais preocupante.”
Guerra tarifária dos Estados Unidos – “Neste momento, estamos atentos e agindo para enfrentar as recentes medidas comerciais anunciadas pelos Estados Unidos. Essa guerra tarifária balançou a economia mundial. Desde os primeiros anúncios, temos empenhado esforços para evitar extremismos e defender a manutenção do diálogo junto a esse importante parceiro comercial.”
Relação Brasil-China – “O estreitamento do comércio com esse parceiro precisa vir acompanhado de um protagonismo da nossa indústria de transformação, que hoje está em enorme desvantagem na balança comercial. A indústria manufatureira é a responsável por desenvolver e disseminar tecnologia no país e pelos maiores investimentos e salários. O crescimento sustentado da China aumenta a demanda por produtos agropecuários, minerais e insumos industriais, favorecendo especialmente os setores de commodities no Brasil. Mas, também há espaço para o produto manufaturado. Precisamos de uma estratégia consistente e arrojada para abrir mais espaço para o produto de maior valor agregado da indústria brasileira na China.”