O Paraná contará com uma metodologia própria para medir os índices de inflação de alimentos e bebidas. O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) lança na próxima quinta-feira (15) o Índice de Preços Regional (IPR), que vai calcular mensalmente a variação no preço de 35 produtos da cesta em seis cidades: Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu. Com o cálculo dos valores dos maiores municípios, onde vive um terço da população paranaense, o Ipardes terá um indicador médio da inflação de todo o Estado.
O levantamento utiliza os registros fiscais da Receita Estadual do Paraná, extraídos para uma amostra elaborada pelo instituto, de 366 estabelecimentos comerciais de diferentes portes. “É uma iniciativa inédita no Paraná, na qual trabalhamos em conjunto com a Receita Estadual e a Secretaria da Fazenda para levantar a taxa de variação dos itens a partir das notas fiscais eletrônicas do comércio”, explica o diretor-presidente do Ipardes, Marcelo Curado.
Entre os itens avaliados estão arroz, feijão, macarrão, batata, queijo, cerveja, café, frutas, carnes e outros produtos que compõem a maior parte das compras mensais dos paranaenses, definidos a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A lista com variação detalhada de cada item, nas seis cidades analisadas, ficará disponível em um painel interativo no site do Ipardes, com os recortes mensais, no acumulado do ano e no acumulado de doze meses.
Abrangência – O diretor de estatística do Ipardes, Daniel Nojima, ressalta que, por atender outras cidades paranaenses além de Curitiba, o IPR consegue fazer uma radiografia mais abrangente da inflação de alimentos no Estado, em linha semelhante ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, que analisa o contexto nacional.
“O IPCA é levantado nas principais regiões metropolitanas de capitais do País. Aqui, no Paraná, estamos analisando um grupo de alimentos e bebidas que tem grande participação nas despesas dos consumidores, trazendo as estatísticas para seis localidades bastante representativas do Estado”, salienta.
“Isso permite que o interior paranaense possa acompanhar mais precisamente o que está acontecendo com o custo da alimentação nas suas áreas, podendo verificar cada produto, confirmando o que está variando mais no ano ou no mês”, explica o economista. “Ter esses índices em mãos também pode auxiliar nas decisões público-privadas, com a possibilidade, por exemplo, de subsidiar programas sociais que tenham como parâmetro o custo dos alimentos”.
Estatística – Somados, os seis municípios analisados têm cerca de 3,9 milhões de habitantes, o que representa 34% da população do Estado, e possuem um Produto Interno Bruto (PIB) total de R$ 180,9 bilhões, 39% do PIB paranaense. Além disso, o comportamento do comércio nessas cidades também tende a representar a dinâmica dos municípios sob suas influências, o que amplia a abrangência explicativa do indicador.
Da mesma forma, os alimentos e bebidas selecionados são os principais itens presentes nas compras mensais de produtos alimentícios dos paranaenses, aproximando a estatística à realidade da população. A amostra dos estabelecimentos escolhidos, que vão desde minimercados até grandes redes, também reflete o comportamento da população no momento das compras, ou seja, os lugares que as pessoas mais frequentam para comprar comidas e bebidas.
“A forma como viemos trabalhando para esses seis municípios nos conferiu a oportunidade de gerar uma amostra bastante representativa em cada um deles. Estamos conseguindo capturar as variações do preço de alimentos de forma clara, como acontece no dia a dia do paranaense”, destaca o diretor de Estatística do Ipardes. “Como referência, utilizamos a Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, que captura um perfil geral dos hábitos de consumo para o Estado”.
Além disso, o registro eletrônico das notas fiscais, que abrange todos os estabelecimentos comerciais do Estado, representa um grande potencial para a análise da variação do preço de alimentos e de bebidas.
“Esses registros contêm informações bastante consistentes, o que nos possibilita desenvolver e calcular um indicador igualmente consistente e muito amplo do comportamento dos preços dos itens de alimentação”, afirma Nojima. “A nota fiscal eletrônica permite fazer uma análise muito precisa. Junto com a Fazenda e a Receita Estadual, pudemos levantar um indicador desse porte a um custo muito baixo”.