Em entrevista ao Diário do Noroeste, o bispo diocesano de Paranavaí falou sobre a dimensão da fé que circula o período de Natal
REINALDO SILVA
Da Redação
“Deus formou uma família típica, bem própria, para que pudesse unir o humano e o divino. Tem a mãe humana e o Espírito Santo, aquele que gera Jesus. É a família também de José, que assume totalmente seu papel. Dali nasce o termo Sagrada Família.”
Em entrevista ao Diário do Noroeste, o bispo diocesano de Paranavaí, dom Mário Spaki, falou sobre a dimensão da fé que circula o período de Natal. “Jesus é um presente. Ninguém esperava que Deus fosse tão generoso doando o que melhor ele tem, que é o seu próprio filho.”
A fé cristã prega que ele nasceu pobre. Sem lugar para se hospedar, José e Maria se abrigaram em uma gruta, então utilizada por pastores para passar a noite e agasalhar os animais. Fazia frio. Havia ali uma manjedoura, feita de cama para o recém-nascido.
As condições que trouxeram Jesus à vida revelam o aspecto da humildade. Mesmo sendo rei, preferiu a pobreza. Mesmo sendo deus, se apresentou como humano.
Cresceu em idade e sabedoria. Levou aos povos a palavra da libertação. Curou os enfermos. Anunciou a solidariedade. Desafiou os poderosos. Foi crucificado, morto e sepultado – sacrifício para redimir os pecados do mundo. Ressuscitou e subiu aos céus, onde está sentado à direita do pai, o próprio Deus.
A trajetória de Jesus guia as tradições da Igreja Católica. Na preparação para o Natal, os fiéis participam de novenas para pontuar cada passo até a chegada do menino, e festejam, juntos, o nascimento.
Os encontros familiares para celebrar a data são tradicionais. E não poderia ser diferente. Nas palavras de dom Mário Spaki, “Natal é a festa da família”. É sobre unir, alimentar, confraternizar, divertir. Mas, principalmente, é sobre refletir e distribuir amor – assim com Deus fez ao enviar o filho amado ao mundo.
E não há problema em comprar presentes. O viés comercial do Natal, a figura do Papai Noel, os símbolos que extrapolam os limites religiosos, tudo isso contribui para fortalecer o espírito natalino. Só não podem ser maiores que o aspecto da fé, esse, sim, o tema central.
“A magia do Natal tem esse clima gostoso de solidariedade, de partilha, de amizade que se instaura ao redor do da imagem do menino Jesus, porque ele inspira isso”, pondera o bispo.
EM FAMÍLIA – Para dom Mário Spaki, o Natal terá cores de alegria. No dia 24 de dezembro, celebrará em Paranavaí a vigília do nascimento de Jesus, principal encontro do período natalino dentro dos preceitos católicos.
No dia 25, viajará para encontrar a família. Os pais já morreram, mas os irmãos sempre estão juntos para festejar.
“Minha família, praticamente todo final de semana, se reúne. São mais ou menos 30 pessoas. Eu sou o único que fica ausente, mas nessas ocasiões eu vou. Justamente porque é importante manter esses laços.”
GRATIDÃO – Ao final da entrevista, o bispo diocesano faz questão de agradecer. “Já são mais de seis anos aqui na diocese, daqui a pouquinho completo sete anos na região. E fico admirado com a capacidade do nosso povo de se reunir, de ter alegria por estar junto. Um povo de simplicidade, humildade.”
Dom Mário Spaki conta que já morou em diferentes cidades, e nem sempre encontrou essa acolhida calorosa que vivencia todos os dias no Noroeste do Paraná. “Aqui, até hoje, quando saio, mesmo de bike, eu cumprimento e todo mundo responde. Parece coisa de cidade pequena, mas é gigantesco, porque mostra que as pessoas estão abertas ao outro, estão vendo o outro.”
É um povo que abraça, que partilha, que vive a solidariedade tão defendida por Jesus. “Eu só tenho a dizer ‘muito obrigado a todo o povo de Paranavaí e região’. Minha gratidão não tem medida.”