Aleksa Marques / Da Redação
Você provavelmente já precisou de um chaveiro. Seja para uma simples cópia, por ter ficado trancado para fora do carro ou até por ter perdido as chaves de casa. E não é de agora. Acredita-se que a profissão de chaveiro é uma das mais antigas do mundo. A crença popular é que as primeiras fechaduras e cadeados eram pequenos e portáteis para proteger os bens de maior valor dos assaltantes, muito comuns nas rotas do Egito Antigo e da Babilônia.
Os cadeados eram diferentes dos de hoje, mas o importante é que a humanidade sempre precisou e precisará deste profissional. E, como disse o famoso escritor brasileiro, Paulo Coelho, geralmente, é a última chave do chaveiro que abre a porta. Ele não estava errado.
De chaves modernas para carros importados a cofres antigos que guardam segredos, José Hermogenes Vieira Neto, de 42 anos, ajuda as pessoas a abrirem suas portas desde seus 9 anos de idade. Literalmente.
Começando pelo próprio filho, José Hermogenes Schneider Vieira, de 22 anos, que recebeu os ensinamentos do pai para começar a trabalhar. O jovem, que estuda ciências contábeis, diz que sente muito orgulho da profissão do pai, pois tudo o que conquistaram foi graças ao seu trabalho. “Ele abriu todas as portas da minha vida”, falou rindo.
Qual a chave para o sucesso? José trabalha no mesmo local há 28 anos e sempre se dedicou para seu aperfeiçoamento. Conhece as mais diferentes pessoas dos mais diversos locais da cidade e está pronto para ajudar a qualquer momento. E não exagero quando digo isso, pois ele fica de plantão 24 horas por dia para socorrer a quem precisa. “Todo mundo precisa de chave e me procuram para todas as situações. Precisou abrir alguma coisa, é comigo mesmo”, disse.
Ele conta que fazia muita arte quando criança e que seu pai resolveu concentrar suas energias em alguma coisa. Ele então chamou seu irmão (tio de José), que já trabalhava como chaveiro, para ensinar os ofícios ao filho. Desde então, começou a moldar as chaves, fez cursos de especialização, usava até sua bicicleta para fazer os atendimentos e nunca mais parou.
Pai de dois filhos, ele acredita que se tornou um dos chaveiros mais conhecidos da região por conta de sua competência. Ele diz que tudo o que faz é com amor, carinho e dedicação. “Me realizo fazendo o que faço e meus clientes sabem disso, acho que esse é o segredo”, finaliza.
Um sorriso abre muitas portas – Além de chaveiro, José se diz um pouco psicólogo e já ouviu muitas histórias durante os anos trabalhados. No pouco tempo em que a equipe ficou em seu estabelecimento, algumas pessoas entraram para cumprimentá-lo, fizeram piadas, batiam um papo e diziam qual era o serviço e ele, com a ponta da língua afiada, já dizia como solucionar o problema do cliente.
Ele conta também que um dos fatos mais marcantes foi quando precisou abrir a porta de uma residência, pois a suspeita era de que uma pessoa estaria morta lá dentro. “Essas coisas acontecem, não tem o que fazer. É meu trabalho.” Ele diz ainda que o ponto-chave para um bom negócio é pedir um descontinho quando necessário, mas o mais importante é procurar um profissional qualificado. “Não adianta ir pelo preço, tem que ir pela competência do chaveiro”, completa.
Pendurada na parede, ele exibe com orgulho a foto de quando, segundo ele, “ainda tinha cabelo e era magro”, do início de sua jornada e diz que vai continuar até quando conseguir. E se um dia as portas se fecharem para você, não se esqueça: geralmente é a última chave que resolve o seu problema.