JOANA CUNHA
DA FOLHAPRESS
No dia 11 de agosto do ano passado, enquanto participava do ato pela democracia na Faculdade de Direito da USP, o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, já previa que seria alvo de pressão para ser destituído do posto.
Em junho, Josué recebeu, na sede da Fiesp, nomes como Arminio Fraga, Neca Setubal e Oscar Vilhena, diretor da FGV Direito SP, que foram convidá-lo para participar do movimento, com a intenção de atrair o empresariado para a criação de uma frente ampla de defesa da democracia diante da escalada de ameaças às instituições promovidas pelo então presidente Jair Bolsonaro.
Segundo relatos da reunião, Josué aderiu rapidamente e já demonstrava preocupação com o cenário, especialmente com os ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal). A partir dali foi redigido o manifesto lido na São Francisco meses depois. Quem o acompanhou até o fim do encontro diz ter ouvido Josué vaticinar, até com ironia, que ele ainda seria alvo de tentativa de impeachment na Fiesp por defender a democracia.
As reclamações contra Josué feitas por sindicatos da base da federação vieram à tona no fim de julho, depois que ele divulgou o documento com as diretrizes da entidade aos presidenciáveis da eleição passada.
No texto, a Fiesp afirmava que a estabilidade democrática e o respeito ao Estado de Direito são “condições indispensáveis para o Brasil superar seus principais desafios”. Foi assim que começaram as primeiras pressões. O movimento, que teve a participação de Paulo Skaf, ex-presidente da entidade aliado de Bolsonaro, evoluiria para uma votação pela destituição de Josué nesta segunda-feira (16). Seus apoiadores afirmam que os votos não têm validade jurídica.