É noite. De dentro do avião,
a cidade se dobra em miniatura.
Casas, prédios, carros, pessoas,
sentimentos espalhados como pontos de luz.
Problemas dissolvem-se no emaranhado das ruas,
amores tornam-se traços miúdos no asfalto.
Uma luz acesa num prédio solitário —
quem mora ali? Em que pensa agora?
Os carros, tão minúsculos, quem os dirige?
Para onde seguem? Quem levam consigo,
no banco ao lado ou no peito apertado?!
Piscinas azuis piscam entre muros altos.
Varais coloridos se apertam nos quintais.
Há quem tenha espaço, há quem mal tenha chão.
Quem ri lá dentro? Quem canta?
Quantos choram no silêncio que não se ouve de cima?
Mas há também os que não têm dentro.
Nem teto, nem muro, nem porta.
Não cabem no mapa da cidade vista do alto,
não aparecem nas luzes das janelas.
Onde dormem? Quem os vê?
Cadê a casa, o carro, a comida,
cadê o cobertor e o abraço?
De tão alto, parecem pequenos demais,
de tão pequenos, parecem nada.
Mas são. Todos são.
E há Quem veja.
Gabriela Fujimori
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