Campanha Outubro Rosa é lançada na Assembleia com a participação de Daniele Banzzatto, do conselho fiscal da Associação das Amigas da Mama.. Créditos: Orlando Kissner/Alep
Para marcar as atividades do Outubro Rosa, mês dedicado às ações preventivas relativas à saúde da mulher, como o câncer de mama e de colo do útero, conforme a lei 16.935/2011, o horário do Grande Expediente desta quarta-feira (5) da Assembleia Legislativa do Paraná teve a participação de voluntárias da Associação Amigas da Mama, que atua desde 2001 no auxílio a pacientes. Daniele Banzzatto, advogada, voluntária e integrante do conselho fiscal da entidade, usou a tribuna a convite da deputada Cantora Mara Lima (Republicanos), que é a autora da lei estadual. “Como já fazemos todos os anos, desde a criação da lei, abrimos a campanha do Outubro Rosa de 2022 aqui na Casa, para, mais uma vez, levarmos informação às mulheres do estado sobre a importância da prevenção”, destacou a parlamentar. Mara Lima também protocolou um projeto de lei que pretende instituir diretrizes para que o Governo do Estado crie um fundo específico para prevenção e tratamento do câncer.
Daniele Banzzatto explicou aos deputados como é o trabalho da Amigas da Mama, ressaltando o lema da instituição de que “prevenir é agir e agir é viver”. “O Outubro Rosa traz a junção do trabalho de empresas, sociedade e poder público e é um mês importante para falarmos sobre o tema, já que 29% de todos os casos de câncer são os de mama. E, por causa da pandemia, infelizmente, boa parte tem surgido em estágio avançado”, afirmou.
Nos últimos dois anos, por exemplo, ela informou que a procura pela Associação teve queda. Comparou os atendimentos prestados em 2021 e 2022. “Quando a pandemia ainda estava no auge, ano passado, fizemos pouco mais de 1300 atendimentos. Este ano já foram atendidas mais de 1900 mulheres até o mês de agosto. Isso significa mais vidas salvas, a doença detectada no início e as pacientes conseguindo se tratar e se curar”.
A deputada Cantora Mara Lima, que também é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Casa, diz que muitas mulheres ainda têm pouco acesso à informação e não sabem dos direitos que têm em relação ao tratamento. “O primeiro passo é o autoexame. A mulher precisa saber identificar se existe alguma anomalia na mama. E também precisa saber que mamografias e outros exames preventivos podem ser feitos de forma gratuita pelo SUS. Por isso, que todos os anos, a gente busca divulgar mais e mais o Outubro Rosa”, ressaltou.
Daniele também lembrou de alguns direitos que as mulheres têm caso adquiram a doença, como a garantia por lei, desde 2013, àquelas que tiveram a mama retirada em função de um tumor, o direito de fazer a reconstrução no mesmo centro cirúrgico que fez a mastectomia, que é a retirada total da mama. Elas têm direito ainda ao auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e transporte coletivo gratuito, entre outras garantias. “Na Associação Amigas da Mama, nós acolhemos essas mulheres, oferecemos suporte, apoio psicológico, doações de próteses externas até que a paciente faça a reconstrução, meditação, drenagem linfática, doação de lenços, empréstimos de perucas, mobilização, campanhas, e complementados com as ações do Outubro Rosa. Nosso alerta é para que as mulheres se previnam, mas quando a doença surge, que saibam lidar com ela”, sinalizou Daniele Banzzetto.
Números
A Secretaria estadual da Saúde estima que neste ano, no Paraná, devam ser registrados mais 3.470 novos casos de câncer de mama e 990 novos diagnósticos de câncer do colo do útero. O câncer de mama é um dos mais comuns em mulheres e é causado pela multiplicação anormal de células, que formam um tumor, podendo ainda invadir outros órgãos. O de colo do útero é o terceiro tipo mais frequente e corresponde à quarta causa de mortes pela doença no Brasil. Os exames preventivos podem ser feitos de graça na rede pública de saúde. No estado, são realizados cerca de 100 mil exames por mês. Durante o Outubro Rosa, essa oferta triplica, chegando a 300 mil.
Estima-se que por volta de 40% dos diagnósticos de câncer de mama realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no país, sejam tardios e que, em cerca de 36% dos casos, o tratamento se inicie apenas dois meses depois do diagnóstico. Por isso, morrem por dia, em média, no Brasil, 48 mulheres. A demora na detecção e a longa espera para o início do tratamento são os principais desafios enfrentados pelo SUS para reduzir as mortes relacionadas à doença.
Quando descoberto no início, as chances de cura do câncer de mama ultrapassam os 95%. Mas muitas mulheres ainda não conhecem os riscos da doença, não sabem quais sinais devem observar ou como e onde buscar informação e ajuda. Além dos fatores de risco genéticos, hormonais e reprodutivos, estão aqueles relacionados ao estilo de vida. Tanto que os médicos recomendam a atividade física regular, boa alimentação e que as mulheres evitem o uso excessivo de álcool e o tabagismo. A previsão dos especialistas é que o resultado disso é uma redução de até 28% do risco da mulher desenvolver câncer de mama. A amamentação também é considerada um fator de proteção.