Em seu discurso na sacada da basílica, o novo papa agradeceu a Francisco e falou na necessidade de uma Igreja sinodal
MICHELE OLIVEIRA
MILÃO, ITÁLIA – DA FOLHAPRESS
A carreira e a experiência pastoral do novo papa Leão 14, o cardeal americano Robert Francis Prevost, 69, foram construídas entre Estados Unidos, Itália e Peru.
Nascido em 1955 em Chicago (EUA), entrou no fim dos anos 1970 na Ordem de Santo Agostinho, em Saint Louis. Em 1981, se formou em teologia na União Católica Teológica, em Chicago.
A vida acadêmica continuou em Roma, segundo sua biografia oficial, publicada em seu perfil no site da Santa Sé. Quando ainda tinha 27 anos, foi enviado pela ordem para estudar direito canônico na Pontifícia Universidade de Santo Tomás de Aquino, conhecida como Angelicum. Em 1984, dois anos depois de se tornar padre, se formou, obtendo a licenciatura.
Em seguida, foi enviado para o Peru, na missão de Chulucanas (Piura). Em 1987 obteve o doutorado, com a tese: “O papel do prior local da Ordem de Santo Agostinho”.
No Peru, foi enviado à missão de Trujillo como diretor do projeto de formação de aspirantes agostinianos em Chulucanas, Iquitos e Apurímac. Na Arquidiocese de Trujillo, foi vigário judicial e professor de direito canônico e trabalhou no seminário San Carlos y San Marcelo.
Em 1999, foi eleito prior provincial da Província “Mãe do Bom Conselho”, em Chicago. Em 2013, foi escolhido professor dos professos e do vigário provincial.
Com Francisco, voltou ao Peru, após ser nomeado, em 2014, administrador apostólico da diocese de Chiclayo. Em seguida, se tornou bispo de Chiclayo. Mais tarde, em 2018, foi escolhido como segundo vice-presidente da Conferência Episcopal Peruana. Dois anos mais tarde, o papa o nomeou administrador apostólico da diocese de Callao.
Nomeado cardeal pelo papa Francisco em 2023, era membro de diversos dicastérios na Cúria Romana, o braço administrativo da Santa Sé. Desde 2023, é prefeito do Dicastério para os Bispos e presidente da comissão pontifícia para a América Latina.
No da Evangelização, era integrante da seção para a primeira evangelização, e também participava dos dicastérios da Doutrina da Fé, para as Igrejas Orientais, para o Clero, para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica; para Cultura e Educação; e para Textos Legislativos.

Outro papel importante no papado foram as participações nas assembleias do Sínodo da Sinodalidade, um dos marcos do papado de Francisco. Ele esteve presente nas duas sessões, em 2023 e 2024.
Primeiras palavras – Em seu discurso na sacada da basílica, o novo papa agradeceu a Francisco e falou na necessidade de uma Igreja sinodal (que caminha junto). “O mal não vai prevalecer, estamos todos nas mãos de Deus”, disse Leão 14. “Vamos em frente, somos discípulos de Cristo. O mundo precisa de sua luz, a humanidade precisa dele. Ajudem também vocês a construir pontes, com o diálogo, para sermos um só povo em paz”, declarou.
Ele disse que ser “filho de Santo Agostinho, agostiniano, que disse ‘com vocês sou cristão, para vocês, bispo'”. Proferiu parte de sua fala em espanhol, idioma do qual é fluente por causa de sua experiência missionária no Peru, aonde chegou nos anos 80, viveu por duas décadas e se naturalizou peruano.
O presidente dos EUA, Donald Trump, comemorou nas redes sociais a decisão do conclave. “Que grande honra para o país”, escreveu. O novo pontífice, porém, tem um histórico de mensagens críticas a políticas da gestão Trump.
Embora seja um país de maioria protestante, os Estados Unidos têm a quarta maior população católica do mundo, com 85,3 milhões de pessoas. Só ficam atrás do líder Brasil, do México e das Filipinas. Também são a segunda nação mais representada no Colégio Cardinalício, com 10 membros, ante 17 da Itália. Apesar desse peso relativo, nunca um cardeal americano havia sido colocado entre os nomes realmente mais fortes de um conclave, e os candidatos de agora corriam por fora.