REINALDO SILVA – reinaldo@diariodonoroeste.com.br
O trecho da BR-376 entre Paranavaí e Nova Londrina foi tema de audiência pública na manhã desta terça-feira (20), em Curitiba. Lideranças se reuniram no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e reiteraram: sem duplicação, pedágio não.
A frase de impacto tem sido amplamente utilizada como contraponto à proposta inicial de concessão rodoviária no Paraná. O projeto indica a instalação de uma praça de pedágio em Guairaçá, mas não prevê a duplicação da BR-376, apenas a construção de terceiras faixas em alguns pontos.
O deputado estadual Luiz Claudio Romanelli presidiu a audiência pública e destacou que a obra é estratégia para o Paraná. “Nosso transporte é rodoviário, então temos que estruturar nossas rodovias.” Investimentos em infraestrutura e logística fortalecem o Porto de Paranaguá, de onde saem os maiores volumes de exportação da produção paranaense. “Sem transporte adequado, nada funciona”, disse.
Mais de 10 deputados estaduais marcaram presença no evento, entre eles Arilson Chiorato, que presidiu a Frente Parlamentar do Pedágio na Assembleia Legislativa. Ele lembrou que durante a vigência dos contratos de concessão anteriores, 51% das obras de duplicação das rodovias federais não foram executadas, assim como 57% das terceiras faixas. Além disso, 38 grandes projetos não saíram do papel.
O deputado estadual Fabio Oliveira especificou: 700 quilômetros de rodovia ficaram sem duplicação. E acrescentou que um levantamento da Polícia Rodoviária Federal mostrou que as colisões frontais de veículos nos trechos de pista simples resultaram em 400 mortes.
Para o deputado federal Zeca Dirceu, “não tem sentido ampliar praças [de pedágio], construir lotes e ter trecho sem duplicação”. Ele afirmou que o modelo de concessão segue critérios técnicos, mas o ministro dos Transportes, Renan Filho, se revelou disposto a dialogar e buscar soluções que favoreçam quem utiliza as rodovias do Paraná.
Desenvolvimento – Presidente da Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense (Amunpar), o prefeito de Terra Rica, Julio Leite, defendeu a duplicação da BR-376 como fator necessário para a promoção do desenvolvimento econômico de toda a região.
Citou o crescimento das atividades turísticas, especialmente em Porto Rico. “O turismo já está acontecendo, então a duplicação tem que ser imediata.”
Julio Leite também falou do agronegócio e da ligação entre Paraná e Mato Grosso do Sul, dois dos principais produtores de grãos do Brasil. A BR-376 é o caminho para o escoamento das safras que saem do Centro-Oeste do país em direção ao Porto de Paranaguá.
O presidente da Amunpar lembrou, ainda, que a falta de adequação da rodovia frente ao grande tráfego de veículos compromete a segurança dos motoristas. “Estamos falando da preservação de vidas.” Dois pontos mereceram destaque na declaração de Julio Leite, os trevos de acesso a Guairaçá e Loanda, “que viraram canais de mortes, com pistas simples e mal sinalizadas”.
Pedágio justo – Luiz Claudio Romanelli pediu que os valores de pedágio cobrados no Paraná sejam justos. Informou que as tarifas começarão a valer até o final de março nos lotes 1 e 2, que incluem rodovias do Litoral ao Norte Pioneiro e dos Campos Gerais.
O deputado avaliou que os preços foram comprometidos pelos indicadores econômicos da época do leilão. O objetivo é evitar que o problema se repita nos lotes 3 e 6, em análise no Ministério dos Transportes e na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), e nos lotes 4 e 5. O trecho da BR-376 entre Paranavaí e Nova Londrina está inserido no lote 4 e deverá ser discutido somente em 2025.
Nesta quarta-feira (21), um grupo de parlamentares estará em Brasília para uma conversa com representantes do setor de transportes do Governo Federal. Debaterão os lotes 3 e 6 e tentarão melhorar a modelagem do contrato de concessão.
Participações – Também estiveram presentes na audiência pública em Curitiba prefeitos e representantes de Santa Isabel, São João do Caiuá, São Pedro do Paraná, Jardim Olinda, Itaúna do Sul, Planaltina do Paraná, Terra Rica, Santa Cruz de Monte Castelo, Loanda e Querência do Norte.
Outras lideranças de classe participaram do evento em nome de setores econômicos e técnicos – Faep, Fiep, Fecomércio, Fetranspar, Agepar e Tecpar.
Em nome da Sociedade Civil Organizada do Paraná (Socipar), motivadora da audiência pública, Demerval Silvestre assegurou: “Não vamos aceitar pedágio em pista simples”.