Aleksa Marques
Da Redação
Quem mora ou trabalha perto da Praça da Xícara vive um dilema há algum tempo.
Isso porque o local virou ponto de encontro de jovens que se reúnem para conversar e beber aos finais de semana. O resultado disso tudo são incontáveis latas de bebidas, copos descartáveis, embalagens plásticas e bitucas de cigarro.
Para quem está curtindo, uma grande festa. Para os empresários, um grande problema.
Adriano Cegate é um dos proprietários do Garden Bar e Restaurante e sofre com isso todo final de semana. Ele diz que coloca os próprios funcionários para realizar a limpeza da rua, tamanho volume de lixo e sujeira. “Perto das 5h da manhã o pessoal acaba o expediente aqui no bar e vai limpar as canaletas para não denegrir a nossa imagem”, afirma.
Outra empresária da região que não quis se identificar compartilha o sofrimento e relata situações parecidas causadas pela aglomeração de pessoas. “O cheiro de urina é insuportável pela manhã e atrapalha até as vendas, pois o cliente fica incomodado com o odor e com a sujeita”, comenta.
“Não temos mais moradores na rua, só ficou a minha família. Todas as casas foram abandonadas e ficaram para alugar, ninguém mais consegue dormir aqui”, diz Idalice Alves que é advogada, tem seu estabelecimento comercial e sua casa próximos à praça. Além da bagunça, o barulho também incomoda os vizinhos que já não aguentam mais tanta farra. A moradora diz também que até uma camiseta com sangue foi deixada em seu portão após uma briga de madrugada e que consegue ouvir tudo de sua janela, já que os jovens ficam na rua até muito tarde. “Parece que estão dentro de casa, não tenho mais sossego”, completa.
Quando perguntado sobre o motivo da concentração de pessoas na praça, ela diz que muitos vão para ficar ouvindo o som do bar, principalmente quando tem show ao vivo. “Baixamos as cortinas e colocamos vidros para fazer o isolamento acústico para não ter entretenimento do lado de fora, mas não tem solução. E se não for aqui, será em outro lugar”, pondera Adriano Cegate.
Adriano lembra ainda que esses pontos de encontro são trocados de tempos em tempos. “Antes era na avenida Paraná, depois foi para o Jardim Oásis e os mais velhos vão lembrar dos locais também na Heitor (Furtado)”. Outro ponto a ser levantado são os vendedores ambulantes que estão aparecendo por ali para vender bebidas a quem fica na praça.
A Guarda Municipal inclui em suas rotas de patrulhamento bares e pontos de encontro na cidade, como a Praça da Xícara, mas não passou números específicos de chamadas para o local.
Conscientização – Walther Camargo Neto, secretário de Meio Ambiente de Paranavaí, diz que a secretaria vê isso como falta de consciência por parte da população, pois o material descartado no final de semana não é proveniente daquele local. Ele lembra ainda que todos os espaços públicos, como ruas e praças, têm lixeiras destinadas para isso, mas as pessoas insistem em jogar no chão.
O empresário Cegate acredita que isso seja uma questão cultural. “Morei anos no Japão e lá ninguém joga um papel de bala no chão. E aqui não tem o que fazer, estão em um ambiente público e fazem o que bem entendem. Eles não pensam que no outro dia cedo alguém pode querer usar o espaço para caminhar, por exemplo. Jogam tudo no chão e não querem saber”, desabafa.
“Seria muito bom, mas quase impossível, que esses materiais fossem levados de volta para seu local de origem ou até mesmo para a casa de quem consome para ser jogado no lixo”, afirma Camargo Neto. O secretário comenta ainda que o lixo é recolhido pelos servidores de segunda a sexta-feira e que os resíduos do final de semana só são retirados no próximo dia de trabalho.