Em 1998, ele descobriu que era portador do HIV, sigla em inglês para o vírus da imunodeficiência humana. Tinha, então, 54 anos de idade. Hoje, aos 82, segue o tratamento à risca e se mantém na condição de indetectável, termo usado quando não há risco de transmissão para outra pessoa.
Essa é a história de um paciente que faz o acompanhamento do quadro viral no Sistema Integrado de Atendimento em Saúde (Sinas) de Paranavaí. Por questões de sigilo médico, não podemos mencionar o nome dele, mas sabemos que a vida tem seguido o curso normal graças ao uso correto da medicação.
A médica infectologista do Sinas Gislaine Eredia explica que o tratamento bloqueia a reprodução do vírus nas células humanas, impedindo o avanço do quadro clínico para a Aids, sigla em inglês usada para identificar a síndrome da imunodeficiência adquirida.
A Aids se manifesta quando o sistema imunológico do paciente está debilitado, abrindo espaço para as chamadas infecções oportunistas, tais como candidíase, criptococose (uma variação da meningite), neurotoxoplasmose e tuberculose.
Para evitar essas e outras complicações, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a medicação gratuitamente. Em Paranavaí, a distribuição é feita no Sinas, que também acolhe pacientes dos demais municípios da região.
Atualmente, o Sinas acompanha 635 casos de HIV/Aids. Em 2025, foram registrados 22 novos diagnósticos em Paranavaí, sete a mais do que no ano anterior, 15. Considerando os demais municípios do Noroeste, os novos casos em 2025 chegaram a 21, também superando 2024, com 18.
Dia de Luta
A próxima segunda-feira (1º de dezembro) celebra o Dia Mundial de Luta contra a Aids, data marcada por ações de conscientização sobre a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado. Em Paranavaí, as atividades serão neste sábado (29). Para conferir a programação, veja o box.
Primeiro de dezembro é também oportunidade para debater o preconceito dirigido a quem convive com o HIV. Por isso mesmo, a infectologista do Sinas faz questão de reforçar: “O tratamento correto garante sobrevida igual à da pessoa que não tem HIV”. Se voltarmos ao início da matéria, veremos que o exemplo do paciente de 82 anos comprova a afirmação.
Prevenção
A transmissão do HIV por relação sexual pode ser prevenida pelo uso do preservativo, disponível gratuitamente para homens e mulheres nas unidades básicas de saúde e no Sinas. É possível retirar quantas camisinhas forem necessárias, de acordo com a frequência da prática.
Outro mecanismo de prevenção garantido pelo SUS é a profilaxia pré-exposição, conhecida pela sigla PrEP. Essa estratégia consiste no uso de medicamentos antirretrovirais antes de uma possível exposição ao vírus.
No ano passado, 25 moradores de Paranavaí utilizaram a PrEP, e o número reduziu para 18 em 2025. No âmbito regional, sete pessoas se submeteram à profilaxia preventiva em 2024, mesma quantidade do ano corrente.
O SUS também oferece a profilaxia pós-exposição, chamada de PEP, recomendada para quem se expôs a situação de risco. Nesse caso, a medicação é aplicada exclusivamente na Santa Casa de Paranavaí, hospital de referência na região, e o tratamento deve ser iniciado em até 48 horas. “Quanto mais cedo começar, maior vai ser a efetividade para evitar a infecção”, garante a infectologista Gislaine Eredia.







