Embora seja possível prevenir por meio de métodos diagnósticos, o câncer de intestino representa uma das principais causas de morte por câncer no Brasil. De acordo com pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (Inca), em análise realizada para vários tipos de tumores, a doença apresentou o maior aumento projetado em todas as regiões brasileiras, para ambos os sexos, até 2025. Conforme estimativa do Inca, mais de 136 mil brasileiros ainda podem ser afetados pelo câncer de intestino.
Também conhecido como câncer de colorretal, abrange os tumores malignos que se desenvolvem no intestino grosso (cólon) e no reto, parte final do intestino, que antecede o ânus. Esse tipo de câncer começa, na maioria das vezes, com pequenas lesões ou formações na parede interna do órgão. O cirurgião oncológico e coordenador do Grupo de Tumores Intestinais do Centro de Oncologia do Paraná (COP), Marciano Anghinoni, explica que o estilo de vida pode ser um fator causador da doença.
“De fato, o estilo de vida tem uma relação direta com o câncer de intestino, aquela pessoa que tem maus hábitos alimentares, consumo excessivo de carnes vermelhas processadas, consumo excessivo de embutidos, a pessoa que não pratica atividade física, é sedentária e obesa”, destaca.
O Inca aponta um risco estimado de 21,10 casos por 100 mil habitantes. Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do DATASUS indicam que 20.245 pessoas morreram devido ao câncer de cólon, reto e ânus, só em 2020.
Maior incidência número de casos
Segundo os estudos, esse tipo de câncer se forma à medida em que a pessoa vai envelhecendo e o tubo digestivo criando um processo de transformação em virtude da exposição aos fatores de risco. Atualmente, os dados mostram um aumento da incidência de câncer nos mais jovens. A oncologista e coordenadora do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Santa Lúcia, Patrícia Schorn, diz que existe uma explicação para isso.
“A gente não tem absoluta certeza, mas a probabilidade disso estar acontecendo se deve ao estilo de vida. Como qualquer outro tipo de câncer, o câncer de intestino também se relaciona ou tem uma frequência maior nas pessoas que têm história familiar de câncer, nas pessoas que são sedentárias e que tem uma ingestão alimentar pobre em frutas e verduras”, observa.
“De fato, nos últimos anos, em todo o mundo, nós temos observado um aumento da incidência em pacientes mais jovens. O tabagismo, o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, o sedentarismo, uma rotina de atividade física, consumo de alimentos ultraprocessados, carne vermelha processada, embutidos, ou seja, substâncias que aumentam o risco dessa pessoa ter um câncer de intestino”, reforça o cirurgião oncológico Marciano Anghinoni.
Sintomas
Para os especialistas, os sinais e sintomas são muito importantes para que se faça o diagnóstico precoce. Eles dizem que são sintomas presentes também em outras doenças e, por isso, as pessoas podem menosprezar e não valorizar os sinais e sintomas.
“Em geral, o paciente tem uma mudança de hábito intestinal. Então, o indivíduo que tinha um hábito intestinal regular, com evacuações diárias, ele passa a não evacuar todos os dias ou ter um padrão diarreico, ou passa a ter algum tipo de dor abdominal na hora da evacuação ou até sangramento nas fezes. Além disso, a gente pode ter quadros de anemia redução do calibre das fezes e algum tipo de dor mais importante tanto na hora de evacuar quanto difusa no abdômen”, explica Patrícia Schorn.
Prevenção e tratamento
O câncer de intestino é tratável e, na maioria dos casos, curável ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Segundo o oncologista Marciano, poucos tipos de câncer podem de fato ser prevenidos com algum tipo de intervenção.
“A colonoscopia faz o diagnóstico naquela pessoa que já tem o câncer, mas ela também trata os pólipos que são lesões precursoras. Então, essa é uma maneira que a gente tem de prevenir o câncer. E atualmente a colonoscopia está indicada para todas as pessoas acima dos 45 anos de idade, em razão da diminuição da faixa etária”, ressalta.
A médica Patrícia Schorn complementa: “Nós temos grandes condições de cura, sem dúvida alguma, e essa cura se baseia no tratamento cirúrgico e por algumas vezes a gente associa quimioterapia ou radioterapia. Algumas lesões não são necessariamente operadas, os tratamentos eles acabam tendo por objetivo um controle da doença no corpo todo e não só no intestino”, pontua.
“Como todo câncer, quanto mais precoce nós fizermos o diagnóstico, maior é a nossa chance de cura”, lembra a médica Patrícia.
Fonte: Brasil 61