PAULO EDUARDO DIAS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil do Paraná investiga um trote violento, que deixou mais de 20 calouros de medicina veterinária do campus Palotina da UFPR (Universidade Federal do Paraná) com queimaduras por diversas partes do corpo.
Ao menos quatro veteranos –uma mulher de 23 anos e três homens de 21– foram presos em flagrante. Eles continuavam detidos até a tarde desta sexta-feira (1°).
De acordo com a polícia, as vítimas foram pedir dinheiro em um semáforo nas proximidades da universidade e, em seguida, foram encurralados pelas veteranos em um terreno baldio.
“Os alunos foram obrigados a se ajoelhar enquanto os veteranos jogaram um produto nas costas deles, ocasionando lesões corporais graves”, diz o comunicado da Polícia Civil, que relata ainda que um litro de creolina foi encontrado no local.
As quatro pessoas presas em flagrante devem responder por lesão corporal gravíssima e constrangimento ilegal. O caso segue em investigação e novas diligências estão sendo realizadas, o que pode resultar na prisão de outros suspeitos do crime, disse a polícia.
Segundo o secretário municipal de Saúde de Palotina (PR), Edivaldo Bertho, 22 estudantes foram encaminhados até o hospital com queimaduras de primeiro e segundo graus pelo corpo.
“Todos foram levados para o hospital. Somente um [aluno] que ficou desacordado precisou ser resgatado pelo Samu”, disse à reportagem. Os outros feridos chegaram até a unidade médica por conta própria.
Conforme o secretário, a vítima que ficou inconsciente teria inalado a substância utilizada no trote. Na tarde desta sexta-feira, já não havia mais estudantes internados.
A UFPR classificou o episódio como “lamentável e chocante” e afirmou que “adota a posição institucional do trote sem violência”. A universidade diz que apura o ocorrido e que, no momento, o atendimento e o acolhimento das vítimas são prioridades.
Em nota, a instituição afirma também que, nesta sexta-feira, psicólogos e assistentes sociais acompanharam os estudantes nos exames de corpo de delito realizados pelo Instituto Médico Legal.
Na próxima semana, a intenção da UFPR é que professores dermatologistas que atuam no campus de Toledo (PR) possam atender individualmente os estudantes feridos, para tratar as lesões.
“A Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis está em contato com os familiares dos alunos para orientações, esclarecimentos e acolhimento. A UFPR também está dedicada na apuração rigorosa para a punição dos autores envolvidos e salienta que não tolera nenhum tipo de violência, seja ela física, verbal ou simbólica”, diz ainda a nota.
Em comunicado publicado nas redes sociais, o Centro Acadêmico de Medicina Veterinária da UFPR afirmou “repudiar veementemente o incidente ocorrido no trote universitário”.
“Reiteramos que o centro acadêmico não teve qualquer envolvimento na participação ou organização deste trote violento”, disse ainda a entidade.
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