*Renato Benvindo Frata
Segundo o dicionário, malandro é aquele que não trabalha, que lança mão de recursos engenhosos, de atitudes condenáveis, para viver. Malandro é o Vadio! na acepção estrita do termo. Já o termo cadelo que nos foi trazido pelos portugueses como derivativo de filhote de cão, no sentido limpo da palavra e que se estendeu para se referir à personalidade de certas pessoas que de tão malandras, absorvem com louvou o pejorativo, donde se conclui que ser um cadelo é pior que ser um malandro.
Tudo para indicar sua personalidade e o quão vil, quão baixo é seu caráter com todos os análogos como índole, alma, bofes, catadura, disposição, espírito, feitio, interior, natureza, têmpera, e outros que indicam a baixeza na inteireza de sua pura sem-vergonhice.
Todos temos caráter, para dizer que não existe um sem-caráter. Isso quer dizer que aquele a quem apontamos com um sem caráter, na verdade, é um sem-vergonha. Ou, aquele que teve sua vergonha profanada desde o nascedouro ou durante o crescimento, casos usuais e diários na política brasileira. Quem conhece um político e sabe de sua origem, saberá se se tornou um cadelo na vida pública, ou se já o era.
Assim, ao malando, o sinônimo velhaco cai tão bem como a um terno de linho branco cortado e cosido pelo mais hábil alfaiate, e ao cadelo, com permissão da citação do termo tão pejorativo, a velhacaria do malandro passa ao largo, tão agigantadas as suas ações com a finalidade de ao final, se dar bem. Quando a grana rola, então, ninguém segura! O cadelo se assanha qual mariposa à luz…
Cadelo e malandro, pois, dão-se às mãos e dançam a ciranda, cirandinha, meia-volta vamos dar! nessa bandalheira que vem transformando o Brasil em pátria de Deus-nos-acuda! Parecem, nessa hora, confeitos de uma só fornada em que o sorriso de um se encaixa nos lábios do outro e que a inhaca dos sovacos do primeiro se abafa na dos sovacos do outro, a criar o samba do político doido.
Malandro e cadelo, dessa maneira, ganham assentos (com dois esses). Um no magistral tribunal das causas perdidas tornadas ganhas, e outro, além do de sempre na senatoria, se assenta nos próprios calcanhares a se encolher temeroso em falsa demonstração de inocência perante milhões de crédulos que lhe assentiram em sim, impulsionando as malditas teclas dessa enganadora máquina de votar.
Por fim, para não dizerem que eu não disse, fica a opção e a liberdade (por enquanto, antes que o Tiranosauro Rex se instale) de nominar o um ou o outro de malandro ou de cadelo, ou ambos, ao gosto da raiva e vontade de cada de nós.