FLAVIA G. PINHO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O aumento do interesse pelo cultivo de plantas durante a pandemia fez com que marcas investissem em hortas inteligentes, pensadas para quem vive em apartamento e não tem tempo para se dedicar à jardinagem.
Três empresas paulistas oferecem soluções semelhantes: a Brota, a Green Leaf e a Yes We Grow -que foi fundada em 2019, mas só em 2021 passou a vender esse tipo de item.
Nas hortas inteligentes, os vasinhos são posicionados sobre um reservatório plástico, que só precisa ser reabastecido uma vez por mês. Uma espécie de pavio, na base dos vasos, absorve a água aos poucos, mantendo a terra úmida.
O produto também pode ser usado em ambientes que não recebem iluminação natural. Lâmpadas de LED programadas em ciclos automáticos garantem o tempo de luz necessário para a fotossíntese.
As hortas também foram pensadas para ocuparem pouco espaço: têm capacidade para seis vasos e medem em torno de 60 cm x 20 cm, com algumas variações de formatos.
Cada empresa oferece substrato com uma fórmula própria de nutrientes, para garantir a saúde das plantas por mais tempo.
Nos vasos, é possível cultivar não só ervas aromáticas, mas também verduras de maior porte e até flores comestíveis ou ornamentais. As sementes são fornecidas pelos fabricantes, em embalagens preparadas para o transporte -não há venda de mudas.
Apesar de produtos parecidos, as três empresas têm modelos de negócios distintos. A Brota, lançada em junho de 2020, fica no bairro da Mooca, na zona leste de São Paulo, e apostou na fabricação própria, a cargo de 28 funcionários.
A empresa compra os insumos que compõem o solo e complementa o processo internamente, segundo Rodrigo Farina, 24, fundador da marca. “Os nutrientes são embalados em cápsulas, com material nanotecnológico natural, que os libera aos poucos, conforme a planta precisa.”
Vendidas exclusivamente pelo ecommerce próprio da Brota, as hortas custam de R$ 225 (modelo sem iluminação) a R$ 379 (com LED).
Como parte da clientela não tem tempo nem para pensar na reposição das plantas, a empresa também oferece a opção de assinatura. Os pacotes, que custam a partir de R$ 49 mensais, dão direito à horta e ao fornecimento contínuo de sementes e cápsulas com substrato.
O manjericão, por exemplo, germina em sete dias, está no ponto para ser colhido pela primeira vez no 20° dia e dá várias colheitas por mais 45 dias. Ao fim do ciclo, é momento de trocar o solo e semeá-lo de novo.
“Já vendemos 16 mil hortas para todos os estados brasileiros, embora nosso foco sejam as áreas urbanas da região Sudeste”, diz o empresário
A Green Leaf, também lançada em junho de 2020, foca as vendas online, mas de forma pulverizada. Os produtos são vendidos no ecommerce da marca e em grandes marketplaces, como Magazine Luiza, Mercado Livre e MadeiraMadeira.
O preço regular é R$ 449, mas é possível encontrar promoções por até R$ 399,90.
Localizada em Diadema, na região metropolitana de São Paulo, a Green Leaf também conta com fabricação própria, mas dispõe de estrutura bem mais enxuta -apenas três funcionários.
Já foram vendidas 1.140 hortas, segundo José Roberto Lopes Lima, 47, fundador da empresa. Ele afirma que investiu R$ 400 mil no empreendimento e que, no momento, está negociando a venda da companhia.
Das três marcas, a Yes We Grow é a única que oferece outros produtos além da horta inteligente. A marca foi criada em 2019 e, na época, vendia apenas um mix de plantio, substrato que leva mais 500 ingredientes em sua composição, afirma Rafael Pelosini, 45, sócio da empresa.
“[O substrato] foi projetado para reter mais água e pesar um terço comparado à terra comum. Dá para carregar na bike e não suja a mão.”
Hoje, a companhia tem 80 itens à venda, que vão de fertilizantes naturais a vasos e acessórios de jardinagem.
As hortas são vendidas a R$ 399 no ecommerce próprio da marca e em lojas físicas de grandes redes varejistas, como Petz, Big e Sodimac. Também foi instalado um lounge da Yes We Grow no Shopping Garden da avenida dos Bandeirantes, na zona sul da capital paulista.
“A venda offline se baseia na construção de experiência. Muita gente quer plantar e não tem coragem de começar por falta de conhecimento. Oferecendo conteúdo, podemos desbloquear o ímpeto da clientela para o cultivo”, afirma.
A fabricação é 100% terceirizada, o que permite que seja replicada até em outros países. A empresa não tem sede própria -os 20 funcionários fixos e os 30 prestadores de serviço já trabalhavam de forma remota mesmo antes da pandemia.
De 2019 para cá, três aportes de investidores garantiram a saúde financeira da empresa -o último, em dezembro do ano passado, somou R$ 3 milhões. O faturamento em 2020 foi de R$ 1 milhão, com expectativa de ser quadruplicado em 2021, segundo Rafael.
Agora, o próximo passo deve ser a internacionalização. “Já recebemos propostas de países da Europa, dos Estados Unidos, do Canadá e da Costa Rica. Ainda não demos esse passo, mas é o caminho para os próximos anos”, diz o empreendedor.
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