Fazer uma ligação telefônica, assistir a um vídeo ou realizar um pagamento com cartão ou PIX são ações cotidianas para quem usa um smartphone, o que muita gente talvez não saiba é que para que essas tarefas sejam possíveis é preciso uma estrutura onde os dados dessas operações sejam processados, são os chamados Data Centers, que são o que torna possível a existência de aplicativos, redes sociais, serviços financeiros, inteligência artificial, e praticamente toda a infraestrutura digital do mundo moderno. A reportagem é do portal GMC Online.
No entanto, segundo o Ministério da Fazenda, cerca de 60% das transações digitais brasileiras são processadas fora do país, já que o Brasil enfrenta hoje um grande déficit de infraestrutura digital. “Isso representa um risco à soberania digital, à competitividade econômica e à segurança de dados”, afirma Fernando Palamone, CEO da RT-One, empresa de tecnologia sediada nos Estados Unidos, que vai instalar em Maringá um dos maiores Data Centers da América Latina.
Segundo ele, quando se fala em Inteligência Artificial, o cenário é ainda mais preocupante: mais de 95% do processamento de IA consumido no Brasil acontece no exterior. A boa notícia é que a empresa pretende mudar parte dessa realidade. “Estamos finalizando os trâmites para obtenção dos licenciamentos e alvarás exigidos. Em seguida, será iniciado o processo de implantação. A previsão é que as obras comecem em até dois meses, com a primeira unidade entrando em operação cerca de 12 meses após o início da construção”, afirma Palamone.
Capacidade de processamento
Com apenas cerca de 700 megawatts (MW) de capacidade instalada em Data Centers, o Brasil está muito aquém dos líderes internacionais. Os Estados Unidos, por exemplo, já superam os 35.000 MW e preveem ultrapassar os 75.000 MW até 2035. Outros países como Alemanha, Reino Unido, Japão, França e Índia já ultrapassaram a marca dos 1.500 MW cada, com planos governamentais para expansão.
“Nosso data center foi concebido para ser um hub tecnológico de classe mundial, com uma reserva inicial de 100 MegaWatts, e previsão de alcançar essa capacidade plena em até dois anos e meio após o início das operações. O projeto prevê ainda expansão escalável para até 400 MegaWatts, acompanhando o crescimento da demanda nacional e internacional”, afirma.
O Data Center da RT-One, embora tenha capacidade abaixo dos países desenvolvidos, se destaca como uma das maiores iniciativas da América Latina, equivalente a mais da metade da capacidade atual instalada em todo o Brasil.
Geração de emprego
A estimativa da empresa é que a operação do Data Center gere cerca de 2 mil postos de trabalho diretos e indiretos, incluindo engenheiros civis e elétricos, técnicos em telecomunicações, especialistas em logística, manutenção, analistas de redes, profissionais de recursos humanos, segurança física e cibernética, além de equipes de gestão ambiental e administração operacional.
De acordo com Palamone, para cada profissional atuando diretamente na estrutura, outros seis empregos indiretos são gerados ao longo da cadeia de suprimentos que dá suporte ao empreendimento. “Esse efeito multiplicador representa entre 20 e 30 empregos por megawatt e, considerando que nossa capacidade total é de 400 MW, o impacto na geração de empregos é altamente significativo”, afirma o CEO.