ISABELLA MENON
DA FOLHAPRESS
As matrículas em universidades particulares tiveram um aumento de 35% na comparação entre o primeiro semestre de 2022 e o mesmo período em 2021. Segundo dados da pesquisa “Observatório da Educação Superior: O Que Atraem Mais os Estudantes”, enquanto no ano passado foram registrados 17 mil novos alunos, neste ano foram quase 24 mil.
O levantamento, feito pela empresa Educa Insights, foi divulgado na manhã desta terça-feira (24) pela Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior). O estudo usou como amostragem 22 faculdades privadas das cinco regiões do Brasil.
Desde 2010, a modalidade a distância cresce de forma acelerada no Brasil em todas as áreas. A pandemia, porém, impulsionou esse crescimento. De 2021 para 2022, foi registrado um aumento de 43% em novos alunos no sistema híbrido (com aulas a distância e presenciais) e 22% no EAD (ensino a distância). A modalidade presencial registrou crescimento de 39%.
“O número é prova de que não seguiremos mais do mesmo jeito que seguíamos antes. Hoje o jovem já busca oportunidades de acessibilidade em carreiras mais tradicionais”, diz Celso Niskier, diretor-presidente da Abmes.
“Em um futuro próximo, não vamos falar mais em presencial e EAD, essas fronteiras vão desaparecer e vamos falar em educação superior atrelada à tecnologia”, completa.
O estudo mostrou também um aumento na intenção de aderir ao EAD. Em meses pré-pandêmicos de 2020, o EAD era considerado uma opção por 40% dos futuros universitários. Já depois do início da crise sanitária, a modalidade se tornou uma alternativa para 78%.
Se, de um lado, a busca por maior flexibilidade e aprovação pelo sistema híbrido é um dos motivos elencados pela Abmes para justificar o crescimento, por outro, a associação destaca também que as consequências financeiras da pandemia também tiveram um impacto nisso.
Niskier analisa que parte dos alunos da graduação presencial migraram durante a pandemia ou por causa da crise sanitária para o EAD como uma opção mais financeiramente viável.
“O EAD acabou sendo uma solução para eventual evasão por dificuldade financeira, já que o aluno sem condição de arcar com o tíquete médio maior, caso da graduação presencial, acabou transferindo para o EAD e permanecendo estudando nesse período de mais dificuldade”, diz o diretor-presidente da Abmes.
Diretor-executivo da associação, Solon Caldas analisa que o aumento de 35% nas matrículas do ano passado para cá significa uma recuperação entre os estudantes. “Percebemos que o aluno está retomando a questão financeira. O que era um empecilho, no início da pandemia, está se dissolvendo e o aluno está retomando os estudos.”
Outro levantamento, de março de 2022, feito pela Educa Insights para a Abmes, mostrou que os cursos a distância na área da saúde tiveram um aumento de quase 80% entre 2019 e 2020.
Agora o novo estudo também aponta que a área de saúde ainda é o destaque entre as dez formações mais buscadas. Entre os cursos presenciais, responder por 70%, com destaque para enfermagem (11,8%), psicologia (11,8%) e odontologia (6,8%). Já a distância, representam metade, liderados por biomedicina (6,7%), fisioterapia (4,9%) e educação física (4,6%).