REINALDO SILVA
reinaldo@diariodonoroeste.com.br
Toda a estrutura de terapia intensiva da Santa Casa de Paranavaí é bem programada e organizada, o que permite oferecer atendimento adequado aos pacientes.
A avaliação é do médico Luciano Cesar Pontes de Azevedo, pesquisador do Hospital Israelita Albert Einstein e professor de Emergências Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), que esteve em Paranavaí quarta e quinta-feira.
No primeiro dia, ele ministrou palestra técnica sobre medicina de urgência e procedimentos adequados para pessoas com infecções graves, pressão alta, desorientação e sespe, assim chamada a infecção generalizada. “São doenças presentes e com mortalidade alta.” Durante o evento destinado a profissionais da área, Azevedo apresentou estratégias para minimizar os riscos à saúde dos pacientes.
Na manhã seguinte, visitou as alas de tratamento intensivo da Santa Casa nas unidades Central e Morumbi. “Gostei bastante do modo como a equipe cuida de tudo.” Em uma comparação com hospitais particulares e de grande porte, Azevedo disse que proporcionalmente a capacidade de Paranavaí é muito boa.
Tudo depende da gestão, pontuou. Mesmo com a defasagem dos valores repassados pelo Governo Federal dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), o segredo é ter comprometimento e compreender que administrar um hospital como a Santa Casa de Paranavaí é factível.
Azevedo concordou que as limitações afetam hospitais filantrópicos de todo o Brasil. A crise financeira tomou proporções alarmantes, principalmente por causa da pandemia de Covid-19. Durante o período mais severo da doença, de 2020 a 2022, os preços de insumos e medicamentos subiram descontroladamente e comprometeram as contas dessas instituições.
Não é possível prever se e quando o problema será contornado. A solução depende de decisões do Governo Federal, da recomposição da tabela SUS e de políticas eficientes de apoio aos hospitais filantrópicos.
Para o médico e pesquisador do Albert Einstein, as mudanças constantes de ministros da Saúde ao longo dos últimos anos foram decisivas para manter a saúde pública estacionada. Na gestão de Jair Bolsonaro foram quatro nomes diferentes: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga.
A atual titular da pasta é Nísia Trindade, elogiada por Azevedo pela capacidade técnica, mas sob risco ser substituída por questões políticas. Os partidos do chamado “centrão” pressionam o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva: querem assumir o Ministério da Saúde em troca de garantir governabilidade a Lula.
Parceria – Ontem, o médico Bruno Leal, chefe da UTI da Santa Casa de Paranavaí, anunciou uma parceria com o Hospital Israelita Albert Einstein. Trata-se de um projeto de telemedicina que garante acompanhamento compartilhado dos pacientes em terapia intensiva.
Os profissionais de Paranavaí informarão o quadro de saúde de cada pessoa internada e discutirão com a equipe do Albert Einstein as possibilidades de tratamento.
O Telescope começará em agosto e se estenderá por dois anos. Será a segunda edição do projeto na Santa Casa de Paranavaí. A primeira, disse Leal, garantiu resultados positivos nas terapias intensivas.
Entrevista coletiva – Após visitar as alas de terapia intensiva da Santa Casa de Paranavaí, o médico e pesquisador do Albert Einstein concedeu entrevista coletiva à imprensa. Acompanharam: o diretor-geral da Santa Casa, Héracles Alencar Arrais, o presidente Renato Pltaz Guimarães e Bruno Leal.