De 2013 a 2020, apenas 36,4% dos meninos de 11 a 14 anos receberam a segunda dose de vacina contra o vírus HPV. Entre as meninas de 9 a 14 anos, pouco mais da metade (55,6%) receberam as duas doses. Nos dois cenários, o número está abaixo da meta de 80% de cobertura vacinal
Conhecida por sua íntima relação com o câncer de colo do útero, a infecção pelo papilomavírus humano também é causa para o surgimento de outros tumores malignos. O Centro de Controle de Doenças (CDC) aponta que 63% dos casos de câncer de pênis são atribuíveis ao HPV. É alta também a associação do vírus com o desenvolvimento de câncer de vagina (75%), vulva (69%), ânus (91%) e orofaringe (70%). Ainda de acordo com o CDC, entre os cânceres causados pelo HPV, 92% são atribuíveis aos tipos de HPV que estão incluídos na vacina contra o HPV e poderiam ser evitados em casos de cobertura vacinal adequada.
Dados da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), por sua vez, apontam que de 2013 a 2020 o patamar mínimo de 80% foi atingido apenas pela primeira dose para meninas de 9 a 14 anos, tendo alcançado 83,4% de cobertura. A segunda dose para meninas chegou a 55,6%, ao passo que entre meninos de 11 a 14 anos os índices foram de 57,9% para a primeira dose e de 36,4% para a segunda dose.
“Para o controle do câncer, é muito negativo não haver uma cobertura vacinal ideal contra o vírus HPV. Para a ação ser efetiva, precisamos imunizar também os meninos, pois somente assim é que seremos capazes de evitar toda a cadeia de transmissão”, destaca a oncologista clínica Andréa Gadêlha Guimarães, do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR).
A vacina quadrivalente (que protege contra os HPV do tipo 6, 11, 16 e 18) é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, pessoas que vivem com HIV e pessoas transplantadas na faixa etária de 9 a 26 anos. Segundo a SBIm, a probabilidade de infecção por HPV em algum momento da vida é de 91,3% para homens e 84,6% para mulheres, sendo que mais de 80% das pessoas de ambos os sexos contraem o vírus antes dos 45 anos de idade.
11 MITOS E VERDADES SOBRE HPV E CÂNCER
Em alusão ao 4 de março, dia de conscientização mundial sobre HPV, a oncologista clínica Andréa Gadêlha Guimarães responde as principais dúvidas em torno do tema câncer e infecção pelo vírus HPV.
HPV é uma infecção sexualmente transmissível
Verdade. O HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) que em 90% dos casos é contraído por meio do contato sexual, genital ou oral. O HPV é tão comum que afeta quase 80% das pessoas sexualmente ativas.
O HPV é um vírus único
Mito. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, sendo que 40 deles podem infectar a região genital e provocar alguns tipos de câncer (colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe) e outros podem causar verrugas genitais. Existem 12 tipos identificados como de alto risco (HPVs tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59) que têm probabilidades maiores de persistirem e estarem associados a lesões pré-cancerosa. Os de tipo 16 e 18 são os responsáveis pela maioria dos casos de câncer de colo do útero.
O HPV é silencioso, não apresenta sintomas
Verdade. A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas. As primeiras manifestações surgem entre 2 a 8 meses do contato, mas pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção. Na maioria das vezes a infecção tem resolução espontânea pelo próprio organismo em um período de 24 meses.
O uso de preservativo durante a relação sexual protege do HPV
Mito. Apesar da importância do uso de preservativo durante a relação sexual para prevenir IST’s, o seu uso pode não impedir a infecção pelo HPV, pois o vírus pode estar presente em áreas não protegidas pela camisinha (vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal).
O HPV só atinge as mulheres
Mito. O HPV também pode infectar os homens e além de ser um agente transmissor do vírus para as mulheres. O HPV no homem é fator de risco para desenvolvimento do câncer no pênis, ânus, boca e garganta. Por isso, os meninos também devem receber a vacina contra HPV.
O HPV é a principal causa do câncer de colo de útero
Verdade. A infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, sendo que 40 deles podem infectar a região genital e provocar alguns tipos de câncer (colo do útero, vulva, vagina, pênis, ânus e orofaringe) e outros podem causar verrugas genitais. Existem 12 tipos identificados como de alto risco (HPVs tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59) que têm probabilidades maiores de persistirem e estarem associados a lesões pré-cancerosa. Os de tipo 16 e 18 são os responsáveis pela maioria dos casos de câncer de colo do útero.
Existe uma vacina que pode prevenir o HPV
Verdade. A vacina contra o HPV existe e é a principal forma de prevenção do câncer de colo de útero. A vacina está disponível gratuitamente nos postos de saúde ou pode ser tomada também em clínicas particulares. A vacina oferecida pelo Ministério da Saúde no Brasil é a quadrivalente que protege contra os vírus 6, 11, 16 e 18, o câncer de colo de útero e as verrugas genitais. Após tomar a vacina o corpo produz anticorpos necessários para combater os vírus cobertos pela vacina e caso a pessoa seja infectada por estes vírus, ela não desenvolve a doença.
A vacina é indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Para esse grupo são recomendadas 02 doses da vacina, com intervalos de seis meses entre elas.
Além desse grupo, ela também é recomendada para um grupo especial: homens 9 a 26 anos e mulheres dos 9 aos 45 anos portadores do vírus HIV; transplantadas de órgãos sólidos, medula óssea ou pacientes oncológicos. Nesse caso, são recomendadas três doses, sendo que a segunda dose é feita após 2 meses da primeira e a terceira dose após seis meses da primeira dose. A vacina não é um tratamento, ela é uma forma de prevenção e sua eficácia é menor em pessoas que já iniciaram a vida sexual, pois já podem ter estado em contato com o vírus.
A vacina protege contra todos os tipos de HPV
Mito. A vacina oferecida pelo Ministério da Saúde no Brasil é a quadrivalente que protege contra os vírus 6, 11, 16 e 18, o câncer de colo de útero e as verrugas genitais.
Todas as mulheres com HPV terão câncer
Mito. Na maioria das vezes não terá. Na maior parte dos casos o sistema imune elimina o vírus, no entanto, alguns tipos de HPV podem levar à formação de verrugas genitais e/ ou alterações pré-tumorais no colo do útero. Caso estas células anormais não sejam tratadas, podem originar câncer, podendo demorar vários anos a desenvolver-se, por isso a detecção e tratamento precoce é muito importante.
Minha parceira/meu parceiro disse que tem HPV, eu também tenho o vírus
Mito. Não é uma regra, mas a infecção por HPV geralmente afeta o casal. Se houver sinais de HPV, é importante que o casal procure avaliação médica. Não há testes aprovados para rastreamento de HPV em homens, mas as mulheres devem fazer o exame de Papanicolau regularmente e em alguns casos, os testes para rastrear o HPV no colo do útero.
A vacina contra o HPV é segura para meu filho e filha
Verdade. Todas as evidências científicas mostram que a vacina é extremamente segura. A Organização Mundial de Saúde (OMS) e praticamente todos os países do mundo recomendam a vacinação. A maioria das reações são temporárias e restritas ao local da injeção.
SOBRE O IUCR – O Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR), criado em 2013, é especializado na prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação do paciente com câncer. A equipe médica é formada por profissionais altamente especializados em uro-oncologia, cirurgia oncológica e oncologia clínica, sob a liderança do cirurgião oncológico Dr. Gustavo Guimarães, que possui mais de 20 anos de atuação e dedicação à assistência do paciente, ao ensino e à pesquisa científica nessa área.
Guimarães desenvolveu ampla experiência em tecnologias e procedimentos minimamente invasivos como cirurgia laparoscópica, ultrassom focalizado de alta intensidade-HIFU e cirurgia robótica, tendo desenvolvido um consistente Programa de Consultoria e Capacitação sobre Cirurgia Robótica para Instituições de saúde em todo o país, que engloba a implantação, o desenvolvimento das diversas técnicas cirúrgicas e a capacitação das equipes.