A velocidade da evolução tecnológica empregada no setor automotivo demanda, em igual proporção, atualização e capacitação dos profissionais que atuam ou desejam atuar na área. O Paraná é o estado que mais emprega no setor automotivo e de reparação de veículos na Região Sul. Dados de 2020 e 2021 da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, apontam o estado com 60.981 postos de trabalho ocupados no setor em mais de sete mil empresas especializadas. Números superiores aos do Rio Grande do Sul, com 55.423, e de Santa Catarina, com 42.581. O Paraná fica atrás apenas de Minas Gerais, com 85.214, e de São Paulo, na liderança, com 284.168.
Somente o setor de reparação automotiva responde por quase 23 mil empregos em 6.500 estabelecimentos do Paraná, superando as vagas geradas nos estados vizinhos (SC: 5.724 e RS: 5.144). Apesar dos números, é justamente esse ramo de atividade em que há uma maior carência de mão de obra qualificada no momento. De acordo com coordenador do Grupo de Trabalho Recursos Humanos, do Conselho Setorial Automotivo da Fiep, Wilson Bill, o mercado é amplo e promissor, mas ainda há uma ideia equivocada sobre as oportunidades de carreira nessa área. “Precisamos de jovens com mentalidade digital, que acompanhem a velocidade da evolução tecnológica que o setor demanda. Tem muita inovação disponível e boas chances de evoluir na profissão”, explica. “Outro ponto é que existe um grande número de empresas informais neste setor. Estima-se que cheguem a ser três vezes maior do que as formais. Estes estabelecimentos também necessitam de mão de obra qualificada, até mesmo para avançar para a formalização”, complementa o coordenador.
Segundo a Rais, quase 60% dos empregados no setor de reparação automotiva do Paraná têm entre 30 e 64 anos, 84% são homens e 67% têm Ensino Médio completo. “Temos avanços na área de veículos híbridos e elétricos e oportunidades para quem quer aprender, se capacitar e ser reconhecido”, argumenta o coordenador. “Mas também temos a barreira da falta de mão de obra qualificada, com profissionais resistentes à atualização porque têm emprego garantido num mercado com mais vagas do que trabalhadores. Precisamos de uma força de trabalho renovada, aberta a adquirir novos conhecimentos para podermos acompanhar a velocidade da evolução tecnológica que hoje envolve à reparação de veículos”, completa Bill.
Como docente na linha de frente para formação de novos profissionais da área, Pedro Henrique Garcia Lazzarotto, coordenador de educação profissional da unidade Boqueirão do Senai Paraná, em Curitiba, percebe a carência por novos profissionais. “A cadeia automotiva está em constante desenvolvimento e é uma das áreas que mais emprega tecnologia. Quem está disposto a buscar formação e desenvolvimento na área, tem grandes chances de sucesso”, diz o coordenador.
Só em 2021, o Senai Paraná investiu cerca de R$ 650 mil em novas tecnologias para atualização de equipamentos, ferramentas e conhecimentos técnicos, com foco na entrega e formação de profissionais habilitados para atender às demandas da área. “Investimos na atualização do corpo docente e em equipamentos de ponta em áreas estratégicas. E a partir de termos de cooperação técnica com as principais montadoras de veículos instaladas no Brasil, nossos professores possuem conhecimento diferenciado no mercado da reparação para formar profissionais alinhados às reais necessidades do setor”, acrescenta Lazzarotto.
Em relação ao volume de novos trabalhadores entregues para o mercado da reparação automotiva, mesmo em período pandêmico, nos dois últimos anos (2020-2021), a unidade Boqueirão do Senai Paraná, considerada referência em formação para o setor, formou cerca de 2 mil novos profissionais. Já em 2022, em apenas quatro meses, a unidade já acumula 800 novos alunos matriculados em cursos técnicos, de aprendizagem e aperfeiçoamento profissional.
“Existem várias oportunidades de entrada no mercado automotivo, podendo ser na indústria de autopeças, montadoras de veículos e fornecedores, bem como nas áreas de reparação”, explica o coordenador.