O movimento das mulheres ocupando seus lugares nas mais distintas profissões representa seus direitos e devem sempre estar up to date, inclusive com o sancionamento da nova lei da igualdade de salários pelo atual presidente, faz justiça às mulheres neste país machista e desigual.
Não existe justificativa para qualquer tipo de assédio no contexto do jornalismo esportivo. A igualdade de gênero nas profissões é uma realidade e a equiparação salarial deve ser uma realidade. No Século XXI é inadmissível haver qualquer tipo de desigualdade e o mais absurdo ainda é constarmos a violência de gênero e o feminicídio que diminuem a passos de tartaruga. Pugnamos pelo combate ao racismo no futebol, mas esquecemos destas variáveis pendentes na sociedade brasileira e em geral dos países machistas. As Organizações Não Governamentais vêm exercendo seu papel na defesa dos direitos das mulheres e uma das mais destacadas é a Me Too.
A temática vem sendo denunciada desde 2018, quando um grupo de 50 jornalistas lançaram a campanha #DeixaElaTrabalhar, que chegou as mídias internacionais, e emprestou seu apoio à campanha, principalmente nos países da América Latina, onde o machismo é cultural e predominante.
Segundo a jornalista Janara Nicoletti as mulheres jornalistas assediadas não contaram com o apoio de seus pares masculinos e tampouco de seus empregadores, denotando a cultura machista do Brasil e notadamente no último governo onde o mandatário do país frequentemente adotava posturas misóginas contra as mulheres jornalistas que o entrevistavam. No jornalismo esportivo esse comportamento absurdo ainda persiste nos dias atuais, denotando ódio e falta de respeito à liberdade de expressão, querendo silenciar a voz das mulheres como um todo. É inegável que as mulheres podem e devem ocupar seus lugares em todos os segmentos da sociedade e nós homens devemos cerrar colunas para defender os direitos das mulheres e de todos os trabalhadores de qualquer desmando ou injustiça. E, quando houver omissão dos clubes, ou dos jogadores, que defendem seus pares com unhas e dentes, poderemos criar fatos de divulgação nas mídias, defendendo os direitos inalienáveis das mulheres, e de todos os cidadãos diante de qualquer forma de opressão.
Ainda nos apropriando das palavras da jornalista Nicoletti (2022): A falta de posicionamento dos contratantes das profissionais atacadas não apenas evidencia a falta de proteção da categoria frente aos ataques, mas também revela o descaso com um problema presente, mas invisibilizado pela omissão: a misoginia e os assédios contra as mulheres jornalistas nas redações.
A Copa do Mundo Feminina é um super evento como outro, mas devemos prestar atenção no legado para as futuras gerações, esperando que este marco esportivo contribua para diminuir o preconceito contra a prática do futebol e outros esportes para as mulheres, e ainda, este acontecimento motive os dirigentes esportivos e os políticos de nosso país a legislarem em prol do esporte feminino e sobretudo do esporte de inclusão social, tão abandonado em nosso imenso Brasil, lembrando de abordar a temática #DeixaElaTrabalhar.
Desde o ano de 2019 a CBF – Confederação Brasileira de Futebol – normatizou a obrigatoriedade de todos os clubes participantes do Campeonato Brasileiro terem equipes femininas. Foi um pequeno avanço, entretanto muito há o que fazer, pois, a base dos clubes formadores de jogadores ainda não tem qualquer motivação para manterem em seus elencos jogadoras jovens. Aliás, isso é muito comum em quase todos os esportes no Brasil. E é importante destacar o espaço das mulheres, não somente como atletas e sim o merecido destaque e respeito às profissionais do jornalismo e de todas as profissões.