*Pedro Bouhid
Quando o assunto é mobilidade elétrica, é verdade que o Brasil está alguns passos atrás de países europeus e dos Estados Unidos. Porém, somos uma nação que pode comemorar outros tantos passos à frente quando falamos de energia limpa, algo crucial para o mercado mundial. A recente Cop 27 está aí para comprovar. O crescimento econômico precisa ser sustentável e ecologicamente correto desde a sua origem, com crescente redução de emissão de gases do efeito estufa.
Para citar apenas alguns quesitos, por aqui a participação da energia hidráulica ultrapassa os 70%. A eólica chegou a 12%. E a solar, com 10,8%, de janeiro ao início de novembro deste ano cresceu 59,4%, saltando de 13,8 GW para 22 GW de potência, tornando-se a terceira maior fonte na matriz elétrica nacional. A expectativa é de que em breve ela ultrapasse a capacidade instalada da energia eólica, que é de 23,2 GW. E a energia térmica está em queda. Portanto, felizmente, no Brasil, nosso gargalo ambiental não é o setor energético. Ao contrário, ele pode representar “créditos de carbono” na meta da redução das emissões de CO2.
Nesta crescente da energia solar e tendo como bagagem um sistema de energia limpa em sua maioria esmagadora, posso afirmar que estamos com a faca e o queijo na mão, capazes de viabilizar uma grande frota de carros elétricos rodando nas ruas brasileiras. Enquanto isso, em países que ainda utilizam amplamente as fontes fósseis para a produção de eletricidade, a adoção da fonte solar integrada aos sistemas de recarga será a única maneira de frear a utilização de combustíveis fósseis à medida que a frota de veículos elétricos crescer.
Nesses países, fato é que não adianta trocar seis por meia dúzia e continuar contribuindo para o agravamento da crise energética mundial. Também por isso, não dá mais para tentar desconstruir as vantagens ambientais da mobilidade elétrica. Isso porque corre-se o risco de que o consumo de combustíveis seja apenas deslocado dos veículos para as centrais geradoras de eletricidade. Por isso, é tão importante falar de mobilidade elétrica em integração com fontes renováveis de energia elétrica, principalmente a solar, que tem um papel essencial na expansão da infraestrutura necessária para uma vasta frota de carros elétricos no nosso País.
À primeira vista, parece difícil conseguir construir essa rede de abastecimento do mesmo tamanho que a de combustíveis para permitir que as pessoas circulem com conforto. Mas uma rede elétrica é muito mais simples. Não envolve inflamáveis. Não depende de extração, refino e distribuição concentrados em poucas empresas. Pelo contrário, a transição para o modelo elétrico vai beneficiar empreendedores de todos os tamanhos, desde aqueles que podem investir em uma única estação de carregamento, visando um diferencial aos clientes que compram em seu estabelecimento, a grandes redes de postos de combustíveis, com vistas ao lucro de um conjunto de pontos de abastecimento.
São ganhos que se estendem para pessoas e corporações que querem estar alinhadas com as metas ESG, ou seja, que trabalham para minimizar os impactos no meio ambiente, contribuir para a sociedade e aplicar as melhores práticas de gestão empresarial. Isso sem mencionar a economia decorrente da combinação de fontes renováveis e veículos elétricos, que permite investimentos em outras áreas para crescimento da organização. Afinal, contas de energia cada vez maiores e os altos preços da gasolina e diesel representam boa parte dos gastos.
Enfim, estamos diante daquela velha questão sobre o que tem que acontecer primeiro. Não podemos esperar que haja grande aquisição de veículos elétricos para pensar nessa infraestrutura, porque muita gente não cogita essa possibilidade justamente porque não existe infraestrutura. Como pioneiros na mobilidade elétrica no Centro-Oeste, nós, da YellotMob, trabalhamos para contribuir com essa nova realidade, visando uma transição para a mobilidade elétrica com qualidade, tecnologia e consciência ambiental.