O trabalho no formato híbrido já é visto por gestores e trabalhadores como o modelo laboral que será adotado pela maioria das empresas no próximo ano. Uma pesquisa recente realizada pelo Great Place to Work (GPTW) com 2.008 pessoas mostrou que, entre os entrevistados, 30,2% afirmam que as companhias onde trabalham já adotaram uma nova política em relação ao formato de trabalho.
Outro levantamento, realizado pelo ADP Research Institute com 32 mil trabalhadores em 17 países, incluindo o Brasil, expõe que essa é uma tendência global. Segundo a pesquisa, 75% dos entrevistados afirmaram que, em virtude do cenário trazido pela pandemia, mudaram ou fazem planos de mudança em sua moradia. O percentual chega a 85% na geração Z.
A vice-presidente de Recursos Humanos da ADP na América Latina, Mariane Guerra, explica que o período de pandemia funcionou como um laboratório para esse modelo de trabalho.
“Do ponto de vista dos trabalhadores, eles perceberam que podem obter mais qualidade de vida e tempo para se dedicar à família ou a atividades prazerosas quando não precisam se deslocar até o local de trabalho”, comenta. “Já para as empresas ficou evidente que, mesmo estando a distância, os profissionais são capazes de manter a produtividade e exercer suas atividades laborais com a mesma eficiência”, analisa.
Por esse motivo, complementa Mariane, a tendência é que a forma híbrida de trabalho avance até mesmo em empresas que resistiram à adoção desse modelo antes da pandemia. No entanto, a especialista chama a atenção para o fato de que essa mudança exigirá que os profissionais desenvolvam e aperfeiçoem habilidades até pouco tempo atrás menos exigidas.
Abaixo, a vice-presidente de Recursos Humanos da ADP lista as principais competências que serão fundamentais para as pessoas atuarem no formato híbrido:
Comunicação eficaz: a capacidade de se comunicar de forma clara e objetiva será uma peça fundamental para os profissionais no formato remoto. “Nesse ponto, vejo que a possibilidade de falar de forma online ajudará muitos funcionários a perder a timidez e desenvolver a habilidade de se comunicar de forma clara. Isso porque muitas pessoas ficam intimidadas em se manifestar em uma reunião ou apresentação presencial. Contudo, no ambiente virtual, falando de sua casa, isso pode ser mais cômodo”, explica Mariane.
Adaptação e resiliência: quando o profissional está atuando da sua residência, por exemplo, ao contrário do que ocorre no escritório, ele está sujeito a interrupções e imprevistos. Por isso, saber lidar com as situações do dia a dia sem deixar que isso afete a rotina laboral será uma habilidade muito importante. Segundo Mariane, nesse caso, estabelecer uma rotina, com local adequado e horas de pausas definidas, ajuda o trabalhador e a família a se organizar melhor, mitigando imprevistos.
Conhecimento tecnológico: pode até parecer óbvio esse ponto, mas, com a ampliação das interações online nas empresas, é importante que os profissionais que ainda possuem pouca intimidade com ferramentas utilizadas para reuniões online, trabalho em grupo e gerenciamento de tarefas, por exemplo, busquem conhecê-las. “Estar atualizado sobre essas ferramentas que estão cada vez mais populares nas atividades laborais vai ajudar os profissionais a se organizar melhor e garantir produtividade”, ressalta a executiva.
Organização: a vice-presidente de RH da ADP destaca que essa é a principal habilidade a ser aperfeiçoada pelos profissionais no trabalho híbrido para conseguirem manter a produtividade e, também, a saúde mental. “Muitas vezes, por estar atuando em casa, alguns trabalhadores têm a falsa sensação de que terão mais tempo para realizar suas atividades, o que não é verdade. O ideal é o colaborador estabelecer cronogramas reais, com prazos e metas possíveis de ser cumpridas. Assim, além de evitar o descumprimento de prazos, a pessoa evita ficar ansiosa com acúmulo de atividades”, finaliza.