JOANA CUNHA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O mega-aumento da Petrobras nos combustíveis pode inviabilizar o modelo de trabalho dos motoristas por aplicativo, que já começam a falar em uma grande paralisação alinhada com caminhoneiros e entregadores, segundo Eduardo Lima de Souza, presidente da Amasp (Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo).
Com um aumento de quase 20% na gasolina, a carga horária do motorista pode alcançar patamares insustentáveis, ou seja, as companhias podem enfrentar uma crise de falta de mão de obra nos próximos meses.
“Se nada for feito, teremos uma diminuição bem drástica nos motoristas de aplicativos”, afirma Souza. Para o presidente da Amasp, o novo cenário pode até exterminar a categoria.
O modelo de negócio dos aplicativos de corrida se sustenta em um raciocínio de que basta trabalhar mais horas para ganhar mais. O problema disso é que esse número de horas trabalhadas pode alcançar patamares impraticáveis para cobrir o custo do trabalhador e ainda manter a atividade atraente.
“Não tem como o motorista se sustentar tendo em vista que a gasolina está mais cara que a corrida. Motorista vai ter que tirar dinheiro do bolso para o passageiro chegar no seu destino”, diz Souza.
Ele afirma que Uber e 99 estão conversando com os profissionais para minimizar o impacto, mas teme que os auxílios oferecidos pelos apps sejam insuficientes.
“Digo isso em comparação ao auxílio Covid lançado pelas plataformas. O motorista que contraísse Covid recebia um auxílio. Isso teve um prazo, não durou muito tempo. A pandemia ainda não acabou, motoristas ainda estão contraindo Covid e não podem mais contar com o auxílio, porque não tem mais esse programa”, afirma Souza.
Souza afirma que o trabalhador de aplicativo já vinha operando no limite antes do mega-aumento na gasolina.
“Não tem mais o que estrangular. Já aumentou sua carga horária, parou de utilizar ar-condicionado para economizar combustível. Passou a selecionar corridas, aí vem esse aumento de uma vez só”, diz.
O líder dos motoristas afirma que uma paralisação não está descartada. “Ou as empresas, governo do estado e governo federal se mexem ou a categoria e várias outras vão morrer”, afirma.
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