REINALDO SILVA
Da Redação
O ano epidemiológico da dengue iniciado em 30 de julho de 2023 terminou há 13 dias, em 27 de julho. Nesse período os municípios do Noroeste do Paraná somaram 14.110 casos positivos e 16 mortes provocadas pela doença. Agora, as secretarias de Saúde trabalham na revisão e na atualização dos planos de contingência e elaboram novas estratégias para a temporada 2024-25.
Dezesseis municípios enfrentaram epidemia de dengue durante o ciclo 2023-24: Alto Paraná, Amaporã, Guairaçá, Inajá, Mirador, Paraíso do Norte, Paranapoema, Paranavaí, Planaltina do Paraná, Querência do Norte, Santa Isabel do Ivaí, Santa Mônica, São Carlos do Ivaí, São João do Caiuá, Tamboara e Terra Rica.
Dessa lista, cinco tiveram de recorrer à pulverização de veneno com equipamentos de ultra baixo volume (UBV) utilizando os chamados carros-fumacês: Paranavaí, Planaltina do Paraná, Inajá, São Carlos do Ivaí e Tamboara.
Técnica da Vigilância Epidemiológica da 14ª Regional de Saúde de Paranavaí, Elisangela Vandresen Gonçalves explica que o Noroeste do Paraná é uma região é endêmica para o agravo dengue. Isso significa que a doença se manifesta com frequência.
As características climáticas dificultam o controle do vetor, cujo ciclo reprodutivo se torna mais rápido em ambientes com chuvas e temperaturas elevadas. Com a presença do inseto em larga escala e a circulação viral, o cenário de endemia tende a evoluir para epidemia, quando há aumento no número de casos de dengue em diferentes regiões.
O controle depende necessariamente da eliminação de criadouros do mosquito transmissor, o Aedes aegypti. São assim classificados recipientes e objetos que possibilitam o acúmulo de água, a exemplo de latas, garrafas, pneus, pratinhos de plantas, bebedouros de animais, cisternas e caixas d’água.
A técnica da Vigilância Epidemiológica enfatiza que o descarte incorreto de lixo contribui de maneira significativa para a proliferação do mosquito. Os resíduos deixados em vias públicas, terrenos baldios, estradas rurais e fundos de vale são propícios para acumular água e, assim, proporcionar condições necessárias para que o inseto se reproduza.
PLANO DE CONTINGÊNCIA
O Ministério da Saúde define como plano de contingência as medidas para responder à epidemia de dengue. O planejamento é feito em cada município e também na esfera estadual com base nas diretrizes nacionais de enfrentamento à doença e de atenção à saúde.
Durante o período de menor incidência, as equipes do Sistema Único de Saúde (SUS) desenvolvem diversas atividades de rotina que dão sustentação às ações elencadas no plano de contingência.
Nos meses mais críticos, normalmente de outubro a maio, os municípios reforçam a vigilância epidemiológica para acompanhar o avanço da doença e identificar as fragilidades, o que permite atuar de maneira mais efetiva para conter o crescimento populacional de insetos e a circulação viral.
O plano também deve conter estratégias de assistência aos pacientes que apresentarem sintomas da doença.
A DOENÇA
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) indica os principais sintomas da dengue: febre, dor de cabeça, fraqueza e dor muscular (adinamia), dor nas articulações e dor nos olhos.
A Sesa classifica três fases clínicas, a febril, a crítica e a de recuperação.
A fase febril ocorre nos primeiros três dias do início dos sintomas. A fase crítica ocorre após o terceiro dia, com a diminuição da febre, podendo surgir os sinais de alarme (dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramento de mucosa). A fase de recuperação ocorre aproximadamente no sexto dia evoluindo com progressiva melhora clínica.
Os casos mais graves podem levar o paciente à morte.
MORTES
Conforme consta nos boletins da Sesa, as 16 mortes registradas no Noroeste do Paraná seguem a seguinte ordem cronológica:
Em 2023
3 de agosto – homem de 69 anos – Marilena
Em 2024
2 de janeiro – homem de 75 anos – Paranavaí
7 de janeiro – mulher de 44 anos – Planaltina do Paraná
7 de janeiro – mulher de 50 anos – Planaltina do Paraná
27 de janeiro – mulher de 92 anos – Paranavaí
1º de fevereiro – homem de 71 anos – Paranavaí
4 de fevereiro – mulher de 60 anos – Paranavaí
4 de fevereiro – homem de 83 anos – Planaltina do Paraná
3 de março – homem de 81 anos – Amaporã
4 de março – mulher de 70 anos – São Carlos do Ivaí
6 de abril – homem de 93 anos – Paranavaí
6 de abril – mulher de 83 anos – Guairaçá
8 de abril – homem de 75 anos – Marilena
11 de abril – homem de 69 anos – Paranavaí
22 de abril – mulher de 63 anos – Santa Isabel do Ivaí
22 de abril – homem de 50 anos – Santa Isabel do Ivaí.
A confirmação mais recente, divulgada no dia 30 de julho, foi a paciente de 70 anos de idade, de São Carlos do Ivaí, cujo registro de óbito data de 4 de março.