REINALDO SILVA
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A frase de dona Maria Dalva rende elogios da agente comunitária de saúde.
“Só não faz quem não quer.” A aposentada de 72 anos se refere aos cuidados para manter o quintal limpo e evitar a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.
Na manhã de quarta-feira (7), a moradora do Jardim São Jorge, em Paranavaí, abriu o portão de casa para uma vistoria, ação planejada pela Vigilância em Saúde a fim de conter o avanço da doença. O mutirão de limpeza se estenderá pelos bairros com maiores índices de infestação do mosquito e de circulação viral.
No primeiro dia, as equipes de agentes de combate a endemias e comunitários de saúde cobriram uma área de 83 quarteirões e retiraram dois caminhões-caçamba de lixo. Foram utilizados 470 sacos de 100 litros e 220 de 200 litros. O número de pneus também chamou a atenção, 78.
Nesta quinta-feira (8) o grupo de mais de 200 servidores retorna ao Jardim São Jorge para uma nova etapa de trabalhos.
Na sequência, os mutirões de limpeza chegarão aos conjuntos habitacionais Luiz Lorenzetti e Geraldo Felipe, jardins Vista Alegre, Santos Dumont e Ouro Branco e Vila Operária.
O assessor da Vigilância em Combate a Endemias Tiago Dias de Almeida pediu a colaboração dos moradores: que retirem dos quintais qualquer objeto que possa acumular água, por exemplo, recipientes plásticos, garrafas, lonas e pneus. Por outro lado, móveis velhos, como sofás e guarda-roupas, não estão na lista de prioridades e a destinação é de responsabilidade da população.
“Cada um deve olhar para o seu quintal e fazer a limpeza. Paranavaí é uma das cidades mais quentes do Paraná, com clima propício para a proliferação do mosquito, e o município não tem estrutura suficiente para fazer tudo sozinho”, ressaltou Almeida.
O exemplo de dona Maria Dalva, citada no início desta matéria, é positivo. Mesmo depois da chuva que caiu sobre Paranavaí no dia anterior, não havia objetos com água parada. Ela disse que se preocupa com a manutenção da casa e prefere manter a organização constante.
A aposentada contou que já contraiu dengue e quer evitar ter a doença mais uma vez. A filha também testou positivo e apresentou sintomas fortes. As duas se recuperaram bem, mas a introdução de um sorotipo diferente do vírus pode levar os pacientes à dengue com agravo, à hemorrágica e até mesmo à morte.
De acordo com o assessor da Vigilância em Combate a Endemias, antes predominava o sorotipo 2; agora foi constatada a circulação do 3.
Epidemia – Paranavaí se encontra em estado de alerta para a dengue, quando a epidemia pode levar à situação de emergência. No último boletim divulgado pela Prefeitura na semana passada, eram 1.281 diagnósticos positivos da doença.
A ascensão dos casos levou a Secretaria Municipal de Saúde a intensificar as medidas de controle, inclusive solicitando ao Governo do Estado a liberação para aplicar o inseticida utilizando veículos com bombas de ultra baixo volume (UBV).
Entre as exigências para conseguir a autorização – emitida pela 14ª Regional de Saúde – está a realização de mutirões de limpeza nos bairros da cidade com mais confirmações da doença e índices de infestação do mosquito mais elevados.