*Roberto Barbieri
Filme lançado com pompas, disponível no Netflix, com um elenco estelar, aparentemente decepciona pela proposta apresentada.
O assunto seria o mais explosivo possível, a destruição eminente da terra e de toda a vida nela existente, incluindo lógico a vida humana, porém não é tratado com seriedade ou digamos, não tem enfoque com verossimilhança. Talvez foi esta a intenção da direção e produção e isto sim preocupa na mensagem.
O filme se arrasta e está cheio de estereótipos e bordões, atacando (aparentemente) os governos, a imprensa, as empresas, os donos do poder na terra, de forma bastante caricata. Ninguém leva a sério a catástrofe que se avizinha.
Recomendo particularmente que assistam mas não esperem dar grandes risadas no nonsense apresentado; servirá para uma análise dentro da lógica que apresento a seguir.
O mundo e a civilização, sem previsões de cunho apocalíptico e profético e nem pessimismo exacerbado, lastreado nos fatos observáveis, caminha para um processo real de extinção. Entre os fatos, não se observa uma possível aproximação de um meteoro como no filme, embora seja possível, porém são as condições já existentes e alardeadas, tais como: aumento da população da raça dominante e predatória, modificação da crosta terrestre, plantações intensivas e de monoculturas, exploração dos recursos naturais não renováveis, uso de pesticidas, inseticidas, adubagem química, alteração genética de plantas e animais, aumento enorme dos deslocamentos humanos e materiais por todo o globo terrestre acabando com a possibilidade de qualquer confinamento de vírus, poderio bélico nuclear, poluição gigantesca, alterações no circuito hídrico do planeta. Ponto, paremos por aqui.
Voltemos ao filme. As aparências e intenções podem enganar. Temos que pensar no efeito maligno que pode ser provocado na população, que ao ver dirigentes políticos, empresários, imprensa especializada, universidades de forma tão caricata e tão aparvalhada, deve pensar. Será que a intenção não pode ser atacar os alarmistas do real e defender o poder instalado na administração mundial, ao dizer: Não, na vida real nossos governantes não são assim…
Estaria implícito: Não, na vida real o pessoal está procurando soluções e diante de um problema real saberia o que fazer corretamente. Mas será que procuram mesmo? Sabem mesmo o que fazer? Estão dispostos a fazer?
Estamos com os meteoros reais ao lado de nossas vidas e o que fazemos? Voltando não só aos governantes e donos do poder, mas à população geral, o que está sendo feito que possamos sair desta rota de extinção?
Perguntas finais: quem de fato faz algo diferente do que procurar suplantar e ganhar competições, seja por poder, por dinheiro, por domínio, segurança do conforto a qualquer custo, busca da hipotética longevidade e o melhor para si para sua prole?
Resposta, na vida real somos os mesmos caricatos do filme, pouquíssimos com visão e real boa intenção coletiva.
*Roberto Barbieri é administrador de empresas – Passos – MG